Um guia sobre como aproveitar o melhor que a natureza carioca tem a oferecer
Índice
INTRO
Passaram-se 30 anos desde o meu nascimento e, mesmo morando todo este tempo em São Paulo, eu nunca tinha ido fazer turismo no Rio de Janeiro. Pra tirar o atraso e conhecer bem a cidade maravilhosa, resolvi passar duas semanas sozinho nas suas famosas praias e montanhas.
Foram 5 noites no Bairro do Recreio na Zona Oeste, 5 noites em Copacabana e 4 no Botafogo, ambos bairros da Zona Sul.
O mapa abaixo, retirado do Google Earth, mostra as trilhas realizadas e algumas das praias visitadas:
Dividi este post em duas partes, sendo a primeira com resumo das atrações visitadas e detalhes de programação e a segunda com a descrição de cada uma das trilhas que realizei na cidade.
ROTEIRO RESUMIDO
Dia 1: Antes de ir para o Rio eu estava na Ilha Grande. Acordei de manhã na ilha, peguei o barco até Angra dos Reis e andei até o terminal para pegar o ônibus até o Rio. Eu escolhi o ônibus com destino à Rodoviária de Campo Grande ao Terminal Novo Rio, por estar na Zona Oeste (Horários de ônibus de Angra para o Rio neste site). Desci na Estação Santa Cruz e peguei o ônibus BRT 10 que vai ao Bairro do Recreio.
Dia 2: Dia de descanso na Praia do Recreio
Dia 3: Dia tranquilo na Praia da Barra da Tijuca
Dia 4: Dia relax na Praia da Macumba
Dia 5: 21 km de Trekking Pedra do Telégrafo e praias da Reserva de Grumari. Atrações visitadas: Pedra do Telégrafo, Pedra da Tartaruga, Praia do Perigoso, Praia do Meio, Praia Funda, Praia do Grumari, Praia do Abricó, Prainha, Praia da Macumba e Pedra de Itapuã.
Dia 6: Subida da Pedra do Pontal e deslocamento à Praia de Copacabana para passar mais 5 noites
Dia 7: Dia de Descanso na Praia De Copacabana
Dia 8: 12 km caminhados ida e volta da estação Jardim Oceânico do metrô até o cume da Pedra da Gávea
Dia 9: Dia de bike pelas praias do Leblon e Ipanema e contorno à Lagoa Rodrigo de Freitas
Dia 10: Deslocamento à Praia do Botafogo para passar as 4 últimas noites e ida a um jogo no Maracanã
Dia 11: Subida do Morro do Pão de Açúcar pelo Costão
Dia 12: Descanso na Praia de Botafogo e passeio no centro
Dia 13: 9,2 km de trilha ida e volta do Parque Laje até o Cristo Redentor no topo do Morro do Corcovado
Dia 14: Dia de Descanso na Praia de Botafogo
Dia 15: Ida ao Terminal Novo Rio e Regresso à São Paulo
PROGRAMAÇÃO
Onde Ficar
Quando eu fui para o Rio só o que fiz com antecipação foi pesquisar na internet os lugares que gostaria de visitar. Veja as atrações que você quer conhecer e escolha uma hospedagem no bairro que facilite a sua logística.
A Zona Sul é a mais turística e é onde está o Cristo, o Pão de Açúcar e as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon. Aconselho que procure lugares no Bairro Botafogo, que possui opções econômicas e é muito bem localizado. Eu fiquei na excelente Hospedaria Rio.
Como eu tinha tempo e queria conhecer a Zona Oeste também, eu passei umas noites no Recreio dos Bandeirantes. Por mais que o bairro seja excelente, não aconselho para mochileiros, devido aos elevados preços. Se você for procure o Hostel Rio Way. A atmosfera é excelente e eles possuem um slackline, pranchas de surf para alugar e ótimas festas.
Quando Ir
Não há uma temporada de preferência para fazer trilhas no Rio de Janeiro. A cidade é quente o ano todo, porém um pouco mais amena no outono e inverno, de abril a setembro. Eu fui em abril, quando o calor não está muito grande e o céu sempre lindamente azul. Não faça trilhas nos dias chuvosos, pois elas podem ficar bem escorregadias.
O Que Conhecer
Bom, o Rio é uma cidade gigante com incontáveis opções de turismo de aventura. Se você quiser explorar um pouco da natureza de lá, sem deixar de conhecer os cartões postais, recomendo que visite os lugares abaixo, já considerando o número de dias que você terá disponível:
- 1 Dia: Cristo Redentor. Apesar de não ser o lugar que mais gostei do Rio, eu não iria fazer você ir até lá pra não conhecer uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. O Cristo é muito lindo e imponente e do cume do Corcovado se tem um incrível panorama da cidade.
- 2 Dias: Pão de Açúcar. Também não ia fazer você ficar sem andar de Bondinho. O morro é fabuloso e apresenta lindas vistas do Rio, além de um incrível pôr-do-sol.
- 3 Dias: Praias do Leblon e de Ipanema. Elas mudam de nome, mas são a mesma praia. Vale a pena andar por toda a extensão delas e contemplar as lindas vistas do Morro de Dois Irmãos.
- 4 Dias: Pedra da Gávea. Pra mim a trilha mais bonita e o melhor visual de todo o Rio de Janeiro.
- 5 Dias: Pedra do Pontal, Reserva de Grumari e Pedra do Telégrafo. Esta foi a trilha mais longa que fiz no Rio e é também a menos conhecida. Passa por lindas praias desertas da Reserva de Grumari. Faça durante a semana, porque nos finais de semana a Pedra do Telégrafo fica com uma fila descomunal.
- 6 Dias: Agora que você já conheceu lugares bem representativos do Rio, sugiro as seguintes opções caso você tenha mais tempo na cidade:
- Dar a volta na Lagoa Rodrigo de Freitas;
- Ir a algumas praias como Botafogo, Barra ou Copacabana;
- Fazer trilhas que não fiz, como a do Morro de Dois Irmãos ou do Pico da Tijuca;
- Conhecer as praias e/ou as montanhas de Niterói;
- Conhecer o Centro do Rio, a Escadaria Selaron, o Maracanã, a Favela do Vidigal ou o que você quiser.
O Que Levar Para Trekking no Rio
- Bermuda ou calça
- Camiseta
- Bota ou tênis de trilha
- Mochila (30-45L)
- Boné/chapéu
- Capa de chuva ou poncho impermeável
- Lanterna (sempre bom ter)
- Traje de banho
- 3 L de água
- Snacks para trilha
- Protetor solar
- Repelente
- Câmera fotográfica
- GPS ou aplicativo de trilhas no celular
- Kit de primeiros socorros
GASTOS
- Blablacar ida e volta de São Paulo = R$ 150,00
- Refeições 14 dias no Rio = R$ 381,20
- 14 noites em hostel = R$ 410,00
- Transportes dentro da cidade (ônibus, metrô, Uber, táxi) = R$ 93,60
- Mercado: Coisas para cozinhar e snacks para a trilha = R$ 190,00
- Entrada Cristo Redentor = R$ 26,00
- Aluguel de bicicleta para fazer passeios na cidade = R$ 15,00
- Entrada casa noturna na Lapa = R$ 40,00
GASTOS TOTAIS PARA UMA PESSOA (2017) = R$ 1305,80
AS TRILHAS
A seguir descreverei os detalhes de 4 trilhas que eu realizei no Rio de Janeiro.
Pedra do Pontal à Pedra do Telégrafo
Este é a trilha que fiz no Rio com o maior número de atrações desconhecidas. Até praia deserta tem nela.
Darei as indicações de leste para oeste, mas ela pode muito bem ser feita de oeste para leste, com início na Pedra do Telégrafo. Apenas evite estar no Telégrafo entre as 08:00 e as 11:00, horário em que a iluminação do Sol não favorece para que as fotos saiam muito boas.
Eu me hospedei no Bairro do Recreio próximo à Praia da Macumba, mas se você estiver na Zona Sul você pode pegar um ônibus BRT até a parada Gilka Machado e andar até a Pedra do Pontal.
A subida da pedra é bem rápida e me tomou por volta de 10 minutos. Entretanto, ela pode ser um pouco complicada por dois motivos principais: pois a trilha tem uma inclinação alta e; porque há uma passagem com corda perigosa perto do cume. Mas não será nenhum desafio se você já estiver acostumado com escalaminhadas na natureza.
Após descer a pedra, vem o trecho mais tranquilo de caminhar de todo o dia. É necessário 1h30min para andar 7,8 km pela Avenida Estado da Guanabara, a qual passa pelas praias da Macumba, Prainha, Abricó e Grumari. Todas estas estão situadas dentro da Reserva Ambiental de Grumari. Este trecho pode ser realizado de carro, mas não encontrei informação de transporte público, por isso o fiz caminhando. Foi até legal porque o caminho é bem bonito e fui contemplando tranquilamente.
Na sequência se anda por mais 15 minutos na mesma avenida até encontrar o acesso para a trilha a esquerda. A partir daqui o caminho se dá por dentro de mata atlântica fechada até o final do dia.
Este ponto coincide com um dos acessos para a Transcarioca, uma mega travessia de 180 km que cruza todas as reservas florestais e parques do Rio de Janeiro. Foi feito um ótimo site que mostra todos os seus detalhes, o qual você pode ver neste link. O trecho que vamos realizar neste relato é o 01: Barra de Guaratiba x Grumari.
Não havia tomado conhecimento antecipadamente, mas esta porção da travessia coincide com a que eu realizei para visitar as Praias Funda, do Meio e Perigoso e as Pedras da Tartaruga e do Telégrafo. Estas atrações também estão localizadas dentro da Reserva Ambiental de Grumari. Conforme consta no site da Transcarioca, são percorridos 4 horas em 7,5 km neste primeiro trecho.
Do acesso, se caminha 1 hora por uma linda mata até alcançar a Praia Funda. No caminho há uma subidona que chega até a cota 210 m que depois desce direto até a praia. Não havia uma alma viva na Praia Funda quando passei por ela. Não esperaria que haveria uma praia deserta dentro da cidade mais famosa do Brasil.
O caminho segue pela areia até o costão, onde é preciso contorná-lo para alcançar a Praia do Meio.
É importante ressaltar que o mar nesta região é bem forte e, portanto, não aconselho que se banhe nas Praias do Meio e Funda.
A do Meio é a outra das praias desertas que encontrei neste dia. Caminha-se por ela até sua outra extremidade até pegar o acesso para a trilha.
Uma vez de volta à selva, leva cerca de 20 minutos andando até chegar numa bifurcação. Ela marca a separação entre a continuação até a Pedra do Telégrafo do acesso à Praia do Perigoso e à Pedra da Tartaruga.
Peguei o acesso para a Perigoso e aí sim havia alguns turistas. Isto porque já estava próximo à super visitada Pedra do Telégrafo e pelo mar aqui ser um pouco mais calmo que nas Praias Funda e do Meio.
Dei um mergulho, mas não passei muito tempo porque estava ansioso pra subir a Tartaruga. A trilha da Praia do Perigoso até ela dura cerca de 30 minutos e é uma subidinha exigente, já que neste trecho não há árvores para proteger do sol.
A vista do topo da Pedra da Tartaruga é muito linda. Se pode ver as Praias do Perigoso e do Meio, a Pedra do Telégrafo, a Praia de Grumari e até a Pedra do Pontal ao longe.
Desci da Tartaruga e voltei para aquela bifurcação que vinha da Praia do Meio.
A subida para a Pedra do Telégrafo é constante, mas o caminho é bem marcado e fácil de andar. Em cerca de 1 hora se chega no topo do ponto mais turístico de toda a trilha e um dos mais famosos do Rio de Janeiro. Seu cume está na cota 350 msnm.
A Pedra do Telégrafo é famosa pela foto abaixo, que passa a sensação de estar num penhasco mortal:
O que ninguém sabe é que essa na verdade é a Pedra do Cavalo e que a Telégrafo fica alguns metros adiante na trilha. Mas claro que o objetivo dos turistas (inclua-me nesta) é tirar uma foto como a de cima.
O panorama da pedra é muito lindo, com todas aquelas praias e morros florestados da Reserva de Grumari. Já do outro lado se tem vista para a Barra de Guaratiba.
Para terminar o dia, resta descer a trilha que conecta a Pedra do Telégrafo com a Praia de Guaratiba, trecho este que dura cerca de 40 minutos.
Para ir embora, pegue um ônibus do ponto final até o acesso para a Avenida das Américas. Pode ser o 874A Marambaia x Estação Ilha de Guaratiba ou o 867 Barra de Guaratiba x Campo Grande. Ali há uma estação da BRT que oferece transporte pra uma infinidade de lugares no Rio.
Distância percorrida: 21,3 km
Tempo gasto: 7 horas
Quando Fazer: Não faça em um fim de semana ou feriado, pois a fila para a Pedra do Telégrafo pode levar de 4 a 6 horas!
Link do meu tracklog postado no Wikiloc aqui.
A maioria das pessoas que vêm pra região buscam apenas subir a Pedra do Telégrafo, mas aconselho fortemente que conheça as praias da Reserva de Guaratiba também. E se o dia for puxado, pode deixar pra conhecer a Pedra do Pontal em um dia diferente. Só procurei dar uma opção de passeio no Rio.
Outra ideia interessante é fazer a trilha para a Pedra do Telégrafo de madrugada e pegar o nascer do sol no horizonte! Ainda vou fazer isso.
OBS.: Na verdade, eu vim pra cá só pra conhecer a Pedra do Telégrafo. Quando estava no seu topo conheci um guia que me disse que havia trilhas próximas para outras praias. Então, eu resolvi caminhar sem saber onde ia dar 😊.
Pedra da Gávea
Ah, Gavinha. Minha favorita do Rio. Além de ter o melhor panorama da cidade, a logística para este trekking é muito simples. Basta pegar o metrô e descer na Estação Jardim Oceânico da linha 4 e começar a andar!
Saí na Jardim Oceânico às 7h50min e caminhei pela Avenida Armando Lombardi até chegar na Ponte Velha. Entrei à direita e segui direto até a Av. Fleming. Na sequência virei à esquerda e segui por 900 metros até chegar na guarita de entrada do Parque Nacional da Tijuca.
O Parque da Tijuca é o mesmo onde está situado o Morro do Corcovado e o Cristo Redentor e, por isso, é o parque nacional mais visitado do Brasil. O site do ICMBio apresenta bastante informação sobre as atrações do parque.
Cheguei na guarita às 08:30, assinei o caderno de controle de visitantes e segui adiante. Vale lembrar que a trilha só pode ser iniciada entre as 08:00 e as 14:00.
O caminho todo se dá por dentro de mata atlântica densa, sendo que próximo ao cume há algumas porções de escalaminhada em rocha que podem ser bem complicadas. Adiante, darei mais detalhes sobre a trilha.
Pouco metros após a guarita há um riozinho que coincide com uma importante bifurcação. À esquerda leva para a rota oficial do parque que sobe pela famosa Carrasqueira. O caminho da direita também chega no cume, só que passando pela Garganta do Céu. Esta última era um dos meus objetivos do dia e, portanto, virei à direita.
A seguinte hora de caminhada foi de pura ascensão por trilha inclinada, com muitas porções em que é necessário segurar em galhos. Após atingir uma diferença de cota de 70 m da guarita até 640 m, chega-se no famoso mirante da Garganta do Céu.
O que se vê daqui é o Morro de Dois Irmãos, o Bairro de São Conrado (e a Favela da Rocinha) e a Praia de São Conrado, além de um penhasco meio assustador.
Após alguns minutos contemplando a vista, continuei a trilha rumo ao pico da Gávea. Da cota 640 m à 790 m a vegetação passa a ser menos vistosa e surgem trechos de escalaminhada em rocha. Nas porções mais complicadas, há cabos de aço instalados na pedra para auxiliar na subida.
Cerca de 20 minutos depois de sair da Garganta do Céu, eu chegaria em um incrível mirante da Pedra da Gávea, já bem perto do topo. Este mirante está situado numa laje de rocha e apresenta vistas de grande parte do Rio de Janeiro. Pode-se ver: a Pedra Bonita, o Corcovado e o Cristo, o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a vasta floresta da Tijuca, a Baía de Guanabara, as praias e morros de Niterói e diversos bairros do Rio. É simplesmente um espetáculo!
Para alcançar o cume da pedra, caminha-se 10 minutos por uma trilha fácil, que é seguida por um trecho de escalaminhada com cordas e uma escadinha. O cume está a 844 metros sobre o nível do mar e possui vários blocões de rocha. A vista de seu topo é esta aqui:
O cenário do cume da Gávea para o mirante não é muito grande, já que se tem quase o mesmo panorama da Zona Sul do Rio. A diferença é que do topo da pedra se tem uma vista de 360º. Daqui ainda se vê a maioria dos bairros e praias da Zona Oeste do Rio, bem como as Pedras do Pontal e do Telégrafo.
Veja abaixo o vídeo de drone que fiz do mirante e do topo da Pedra da Gávea:
Sem dúvidas o melhor visual do Rio de Janeiro! Fiquei apaixonado.
Quando estava no topo conheci dois jovens parceiros, o Matheus e o Igor. Estávamos lá conversando e começamos a descer a trilha juntos, desta vez pelo caminho oficial.
Próximo ao cume está a Carrasqueira, uma porção bem extensa de escalaminhada em rocha e mais complicada que o caminho de quem vem pela Garganta do Céu.
Este trecho pode ficar bem congestionado de pessoas, portanto, aconselho que faça a trilha pelo caminho que eu subi se você estiver subindo a pedra num final de semana ou feriado.
A descida pelo lado oficial também possui outras porções de escalaminhada, mas que não apresentam desafios como a Carrasqueira. Levamos 2 horas para descer até o estacionamento próximo à guarita do parque.
Nem vimos o tempo passar, porque Matheus, Igor e eu estávamos trocando uma ideia deveras agradável. Pra completar, eles ainda me ofereceram uma carona até o metrô fazendo com que eu economizasse 2,5 km de caminhada.
O bacana de realizar a trilha subindo pela Garganta do Céu e descendo pela Carrasqueira é que é feito um circuito ao invés de um percurso ida e volta.
Distância total do metrô: 12 km
Tempo total: 6 horas
Horário de visitação: Das 8 às 17h (até às 18h no verão)
Quando Fazer: Qualquer época do ano. Evitar dias chuvosos
O tracklog da minha subida para a Pedra da Gávea se encontra neste link.
Costão do Pão de Açúcar
Para quem não sabe, é possível subir o Morro do Pão de Açúcar sem ser de Bondinho, porém o caminho é extremamente confuso e perigoso. A subida se dá pelo seu costão, uma rampa de rocha imensa que está na face leste do pico:
Antes de realizar esta trilha é importante levar em consideração o seguinte:
- JAMAIS faça esta subida sem acompanhamento de um guia ou agência. A empresa Nattrip realiza esta subida e cobra R$ 185,00 (valor de 2019). O link para o site deles é este;
- Não faça esta subida se você não estiver em condições físicas adequadas, pois há trechos expostos de escalada em rocha;
- Se você não estiver confortável com os dois pontos considerados acima pague o Bondinho. A subida com ele custa R$ 100,00 (valor de 2019).
Para chegar no Pão de Açúcar eu vim caminhando do hostel que eu estava no Botafogo até a Praia Vermelha. Daqui a trilha se inicia e acompanha o caminho para o Morro da Urca até chegar numa bifurcação. Se você virar à esquerda você subirá a trilha da Urca, que é gratuita e apresenta um lindo panorama da cidade do Rio. Para o Costão do Pão de Açúcar há que seguir reto até o final do trecho pavimentado, onde tem pessoas que vão correr e fazer caminhada.
A partir daqui acabou a brincadeira. É preciso encontrar uma trilha muito mal marcada que entra na mata. Após atravessar esta parte, se chega na base do Costão.
A subida é bem confusa, pois na maior parte do tempo se anda na própria rocha e não há trilhas para seguir. E quando há passagens com vegetação, se encontram caminhos pouco usadas, que podem até dificultar na orientação.
Mas o maior desafio desta subida são as paredes de até 10 metros de altura em que é preciso escalar na rocha.
Após 1h30min de ascensão tensa se chega no cume do pico. Aqui você encontrará uma infinidade de turistas e uma boa estrutura com restaurantes e banheiros.
O Morro do Pão de Açúcar apresenta uma lindíssima vista da cidade do Rio. Se vê o Morro da Urca, o Corcovado e o Cristo, a Baía de Guanabara, a Praia de Copacabana, o Morro de Dois Irmãos, a Pedra da Gávea e diversos bairros da cidade. Seu topo ainda apresenta um pôr-do-sol magnífico, por isso aconselho que suba o morro no período da tarde.
Na hora de descer eu peguei o Bondinho até o Morro da Urca, que é grátis pra quem sobe pelo Costão.
Por fim, peguei a trilha da Urca até a Praia Vermelha, descida essa que durou cerca de 20 minutos. Este trecho coincide com a última porção da Travessia Transcarioca, que é o de número 25: Praia Vermelha x Morro da Urca.
Distância percorrida: 5,5 km
Tempo total: 3 horas
Quando Fazer: Qualquer época do ano. Evitar dias chuvosos
Meu tracklog dessa ousada subida pode ser encontrado neste link.
Pico do Corcovado
O famoso Cristo Redentor está situado no topo do Morro do Corcovado. Para subir ao seu cume há algumas opções:
- Van: As vans até a entrada do Cristo saem de 4 localidades: Copacabana, Barra, Largo do Machado e do Centro de Visitantes do Parque Nacional da Tijuca. Os preços variam muito em função de cada local e da temporada de visitação;
- Trem: O trem para o topo do Corcovado sai da Rua Cosme Velho, 513, do Bairro Cosme Velho. Os preços também variam bastante em função da idade do visitante e da temporada;
- Trilha: a ser discutida neste relato. Mas já adianto que não vale a pena.
O site do Parque Nacional da Tijuca mostra todas as informações de transporte para o Cristo, onde é possível comprar os seus ingressos pela internet. Link para o site aqui. Telefone do PN da Tijuca: (21) 2258-1329.
A Trilha:
Nosso trekking maroto tem início no Parque Lage, localizado na Rua Jardim Botânico, 414. Este parque é muito agradável, com uma vasta área arborizada e diversas construções de arquitetura colonial.
Segue abaixo o mapa da trilha para o topo do Morro do Corcovado:
Antes de realizar esta trilha é importante saber que há uma alta incidência de assaltos no caminho! Perguntei a respeito nos pontos de informação turística e liguei nos telefones do Parque Nacional da Tijuca e sempre me informaram que eu não deveria fazer a trilha, por causa dos assaltos. Para isso, passei mais de 2 semanas procurando parceiros de trilha, indo atrás de grupos na internet até que finalmente encontrei um parceiro de trilhas, o guia Fernando.
Entretanto, no dia da ascensão ao morro o Fernando me ligou de manhãzinha dizendo que não poderia ir. O que eu fiz, então? Me arrisquei sozinho. Desculpa mãe.
Peguei um ônibus para o Parque Lage, onde cheguei às 9 horas.
Cheio de medos, fui até a guarita de entrada do Parque Nacional e perguntei para o guarda se a ocorrência de assaltos estava muito alta na trilha. Ele me informou que muitas pessoas vêm correr e que não ouvia de roubos fazia um mês. Então resolvi arriscar.
O percurso não possui segredos. É puro trekking de subida em mata atlântica com trechos de escalaminhada em rocha. O caminho é bem bonito, mas fiquei muito apreensivo TODO o tempo por causa dos inúmeros alertas de assaltos que me haviam feito antes de vir para a trilha.
Foi 1h30min de caminhada e uma diferença de nível saindo da cota 40 m até a 610 m até chegar na Estrada do Corcovado, que sobe até o Cristo.
Após 20 minutos andando nesta estrada cheguei na entrada do Parque Nacional da Tijuca. Paguei R$ 26,00 de entrada e subi pelas escadas até o Cristinho. Por fim, às 11:10 alcancei o famigerado topo do Corcovado.
A construção do Cristo Redentor é bárbara. Seus 38 metros de estátua se tornam muito mais imponentes por estar no topo privilegiado de um lindo morro a 710 metros sobre o nível do mar.
Além disso, a vista daqui é incrível. Se observa todo o Centro, quase toda a Zona Sul e uma parte da Zona Norte do Rio. Há vistas para a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Morro de Dois Irmão, a Pedra da Gávea e uma infinidade de praias famosas.
Por ser uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno o turismo é intenso no Cristo.
Uma pena que o acesso no parque só é permitido a partir das 8:00, porque seria insano ver o nascer do Sol de cima e ver a parte frontal da estátua ficar vermelhona.
Após 1 hora curtindo a vista do Cristo eu comecei a descida.
O caminho que usei foi o mesmo da subida, entretanto houve uma diferença comparado com a ida. Como já era mais tarde havia muitas pessoas fazendo corrida na trilha. Só que quando eu ouvia os passos acelerados eu já me borrava e me escondia. O terror do perigo de roubos me dominou e nem curti a linda trilha. Por isso, nem recomendo que você a faça e se decidir fazer não leve absolutamente nada de valor.
Por sorte não ocorreu nada de mal comigo.
O caminho de descenso durou 1h20min até o Parque Lage. Fiquei uns 30 minutos passeando no parque até decidir pegar o ônibus de volta para o meu hostel.
Relacionando-se a subida do Corcovado com a mega Travessia Transcarioca, pode-se dividir o percurso realizados em duas partes. A primeira é a subida do Parque Lage até a Estrada do Corcovado, que coincide com o trecho 19: Paineiras Corcovado x Parque Lage. Já a subida até o Cristo é uma porção do trecho 18: Primatas x Paineiras Corcovado.
Distância ida e volta: 9,3 km
Tempo ida e volta: 4 horas
Horário de visitação: Das 8 às 18h
Quando Fazer: Qualquer época do ano, mas aconselho perguntar na guarita como tem sido a ocorrência de assaltos.
Caso você deseje fazer esta trilha, pode usar meu tracklog que está neste link.
Espero que não tenha ficado triste com a minha conclusão da última trilha. Só guardo coisas boas desta viagem! O Rio é um espetáculo e uma das cidades mais lindas do mundo!
Este foi o relato pra você aproveitar ao máximo a linda natureza do Rio de Janeiro de forma mais aventureira.
Obrigado pela leitura!
Um abraço!