Todas as informações para você realizar o lindo trekking do Pico do Baepi!
RESUMO
INTRO
Para iniciar minha trip solo de 3 meses entre os estados de SP e RJ nada melhor do que começar perto de casa, mais especificamente pela lindíssima Ilhabela, situada no litoral norte paulista.
Além das belas praias, a ilha é conhecida pelos seus picos proeminentes, dentre eles o Pico do Baepi, com 1.048 msnm, e o Pico de São Sebastião, o mais alto da região com seus 1.379 msnm.
Segue a localização em planta dos dois picos acima mencionados, retirado do Google Earth:
Meu intuito era subir ambos e como os níveis de dificuldades são muito distintos, irei separá-los em dois relatos. A experiência para o Pico de São Sebastião se encontra aqui, enquanto para saber mais do Baepi basta continuar lendo este singelo relato.
O tracklog para GPS do meu trajeto pro Pico do Baepi se encontra neste link.
PROGRAMAÇÃO E LOGÍSTICA
De ônibus
Caso esteja vindo de São Paulo, pegue ônibus para São Sebastião com a Viação Litorânea (litoranea.com.br), desça na rodoviária da cidade e ande 1 km até a balsa para Ilhabela, a qual é gratuita para pedestres e ciclistas. A balsa sai de 30 em 30 minutos das 05:30 às 23:30 e depois de hora em hora no restante do tempo, como consta no site Ilhabela.com.br/balsa.
Uma vez na ilha você precisará pegar um ônibus que vai para o norte. Peça para descer no ponto do bairro Itaguass(ç)u, na frente da estátua do peixe. Ao descer do bus ande até a Rua Arapongas e a suba por 25 minutos até chegar ao início da trilha.
Apenas uma informação caso esteja sem carro e tenha tempo para conhecer outras atrações da ilha: há uma estrada (SP-131) que corta Ilhabela de norte a sul pela costa oeste, porém as linhas de ônibus saem da balsa e não conectam o lado sul com o lado norte (até existe uma linha, mas ela passa apenas duas vezes ao dia). Portanto, procure hospedagens próximas ao centro para evitar pegar 2 ônibus para chegar em algum lugar distante. Outra opção é pegar carona, pois o pessoal da ilha é bem solícito.
De carro
Vá até São Sebastião e encare uma fila na balsa (tomara que não, haha), cujos valores para carro para vão de R$ 21,50 de segunda a sexta a R$ 29,00 de sábado, domingo e feriados.
Após atravessar o canal, saia até a estrada e dirija para norte até virar a direita na Rua Arapongas. Não há um estacionamento, mas é possível deixar o carro próximo ao início da trilha, o que já pouparia uns 20 minutos de subida a pé.
RESUMO DE GASTOS (2017)
- Ônibus São Paulo -> São Sebastião = R$ 65,00 * 2 = R$ 130,00
- Ônibus centro de Ilhabela a início da trilha = R$ 3,90 * 2 = R$ 7,80
- 1 Pernoite em Hostel = R$ 30,00
- Almoço + Jantar = R$ 40,00
- Comida pra trilha = R$ 30,00
GASTOS TOTAIS = R$ 237,80*
* Para uma pessoa considerando ida e volta de São Paulo e gastos em um final de semana comum. No meu caso eu segui adiante para Ubatuba 🙂
O RELATO
Saí de São Paulo, minha querida São Paulo… Pela primeira vez em 30 anos a maior cidade da América do Sul deixou de ser a minha casa.
Mas pra mudança não ser tão brusca eu iniciei minha trip por Ilhabela, situada a 200 km da capital paulista. O litoral norte do estado abriga algumas das praias mais lindas que já vi.
Eu e minha amiga Mari combinamos de descer juntos no fim de semana para a ilha com a intenção de subir o Pico do Baepi. Mas pegamos dois dias de tempo bem chuvosos e não conseguimos aproveitar muita coisa.
Assim que ela foi embora eu fui para o hostel Casa das Oliveiras, a 1,6 km da balsa. Lá a Mayra e sua mãe me receberam super bem, antes do horário do check-in, e já me colocaram num carro com três gringos pra conhecer a Praia do Jabaquara. Esta fica 20 km a norte do centro da Ilhabela. Acompanhei a francesa Florence e os belgas Sylvain, que mora no Brasil, e sua mãe, que veio visitá-lo.
A praia é bem bonita e abriga uma quantidade imensa de borrachudos. Eu, displicente, não passei repelente e tomei umas 200 mordidas nos pés (sem exageros).
Dia seguinte lá fui eu para a trilha do Baepi com o pé inchado.
O Dia da Ascensão
No dia 21/03/2017 acordei às 07:30, tomei um café no hostel, dei uma olhada pro céu e dessa vez parecia que o tempo não ia me deixar na mão. Então me aprontei e fui para o ponto pegar o ônibus.
Desci às 9:15 no bairro Itaguassu na rotatória com a escultura de peixes. Aqui começa a ascensão para o Pico do Baepi, mas ainda não é onde a trilha começa.
Entre na estreita Rua Arapongas, a 30 metros do ponto do bus, suba até o final dela e vire a direita na Rua Morro da Cruz. Daqui é só subir direto até o início da trilha. A caminhada em pavimento é um trecho de 1 km de extensão bem inclinado que dura cerca de 20 minutos.
Antes de atingir o pé da trilha, as vistas da cidade de Ilhabela e do Canal de São Sebastião já são bem lindas.
Muito bem, cheguei à placa que marca o start para o trekking de ascensão ao pico às 9:40. Por sinal, toda a trilha possui diversas placas informativas sobre a fauna e a flora da região e marcos com cota topográfica a cada 200 m de elevação.
Os primeiros 500 metros são uma subida inclinada pela mata atlântica até chegar num descampado com uma plataforma de madeira. Esta é um belo mirante pra Ilhabela, para o canal de São Sebastião e para o próprio Pico do Baepi.
Eu fiquei com medo de pegar tempo fechado no cume, porque havia muitas nuvens no topo do pico, mas segui caminhada ainda assim.
Logo após o mirante a mata volta a fechar e assim permanecerá até o final da subida. Serão 2,8 km percorridos com um ganho de elevação de quase 700 metros, sempre por trilha bem marcada em meio à mata atlântica densa. Não há pontos de água no caminho, portanto leve entre 3 a 4 litros ou o quanto você achar que consome num dia inteiro de trilha.
Próximo do cume a trilha fica mais inclinada ainda e, inclusive, foram inseridas 3 escadas de madeira para auxiliar na subida final.
Cerca de 100 metros de escalaminhada adiante você encontrará uma placa apontando os 1.048 m de altitude do pico e a sensação de que a trilha terminou. Entretanto, o lugar com o panorama mais amplo não fica aqui. Próximo à plaquinha há uma escada à esquerda que desce e indica a continuação da trilha.
Mais 150 metros andados e aí sim se chega numa pedra bem proeminente, que marca o topo do Pico do Baepi e o ponto com o mirante mais lindo. Porém, para o meu azar, o tempo estava completamente fechado e eu não via sequer 10 metros a minha frente.
Mas não havia problema, pois era cedo e eu não tinha pressa, haha.
Cheguei ao topo próximo do meio-dia e o céu não demonstrava que iria abrir. Deitei na pedra, tirei as botas (meu pé estava latejando dos borrachudos do dia anterior… mané, eu sei) e dormi. Acordava a cada 20 minutos pra checar as condições, mas o céu continuava nublado.
Poréeeem, para a minha surpresa, após 2 horas aguardando e já perdendo as esperanças soprou um vento forte e todas aquelas nuvens no entorno do pico dissiparam, para minha imensa exaltação 🙂
A descrição do visual pode não ser muito diferente do observado no mirante situado 700 m mais baixo, pois o que se vê são os municípios de Ilhabela e São Sebastião, a Serra do Mar e a Baía de Caraguatatuba. Porém, de cima do pico a perspectiva é bem diferente, afinal qualquer vista que se tenha de mais de 1.000 metros de desnível tende a ser deslumbrante.
Uma coisa curiosa é que daqui de cima dá pra ouvir o barulho da balsa.
Agora alguns os registros aéreos do pico:
Veja aqui o vídeo de drone que fiz do Pico do Baepi:
Coisa linda!
Comecei a descer às 14:00 e cheguei de volta ao ponto de bus às 16:30. Tomei um açaízão e peguei o ônibus da volta na rotatória do peixe.
Enquanto o sol estava começando a se por lindamente atrás da serra, eu pensava como iria ser a subida do Pico de São Sebastião, ponto mais alto da Ilhabela e meu próximo objetivo aventurístico, cujo relato você pode acompanhar aqui.
Ah, pela noite a Mayra (dona do hostel) me chamou pra ir num bar com dois amigos dela. Achei incrível esse interesse em integrar os hóspedes e tratá-los como amigos na maior naturalidade.
É isso,
Obrigado por ler!
Abraços!