Relato com todas as dicas para você realizar um imperdível trekking de 2 dias no caribe colombiano
Índice
INTRO
O Parque Nacional Natural Tayrona é uma fundamental área de proteção da Colômbia, não só devido à vasta fauna e flora que as florestas da região abrigam, mas também pela sua história cultural. Isto porque, os índios tayrona habitaram esta região por séculos e hoje, inclusive, existem 4 etnias indígenas que vivem nos limites do parque.
Por isso, a região atrai turistas não somente pelas suas lindas praias e florestas, mas também para contemplar o sítio arqueológico do Pueblito Chayrama, ruínas que contam um pouco da história dos tayronas.
A melhor forma de aproveitar o Parque Tayrona, na minha opinião, é fazer uma travessia de 2 dias de caminhada e neste relato vou te falar tudo o que você precisa saber para realizar esta trilha tão representativa das belezas da região.
Meus dias pelo Parque Tayrona foram só uma pequena parte do meu mochilão de 3 meses pelo país. Se quiser saber mais, dá uma olhada no Guia Turístico Completo da Colômbia e no Mochilão de 90 Dias pela Colômbia.
Para os preços indicados em pesos colombianos neste post, considere que quando fui ao país R$ 1,00 valia 900 COP (Ex.: 9.000 pesos = R$ 10,00).
COMO CHEGAR
Para chegar ao Parque Nacional Tayrona, é necessário ir à Santa Marta, capital do departamento Magdalena. A cidade está situada no litoral caribenho da Colômbia, a 236 km de Cartagena.
Para se deslocar ao parque, vá ao terminal de Santa Marta e pegue o ônibus sentido Taquilla El Zaino, a 50 minutos do centro da cidade. O traslado custa 7.000 pesos. A partir daqui é só caminhar ou tomar um outro transporte até a entrada do parque nacional.
QUANDO IR
O Parque Tayrona fica fechado durante todo o mês de fevereiro, para realização de atividades culturais indígenas e para que os ecossistemas se recuperem um pouco do impacto causado pelos turistas.
A temporada de chuvas na região vai de maio a julho e de setembro a outubro. Ainda assim, elas são ocasionais e não impossibilita nenhuma atividade no parque.
Os meses de janeiro, junho, julho e dezembro configuram a temporada alta e, portanto, os preços para ingressar aumentam, bem como a quantidade de turistas, obviamente. Eu fui em março, na temporada baixa e já achei que havia muita gente nas praias do Tayrona, apesar que fui em um final de semana.
ESTRUTURA
As trilhas do parque são muito bem demarcadas e há inumeras placas com indicaçãos do caminho. Não há como se perder se você se manter nos caminhos utilizados. Portanto, não acredito que seja necessária a contratação de um guia, caso você esteja mais habituado a fazer passeios guiados.
No interior do parque, há duas áreas de acampamento para receber os turistas: Arrecifes e Cabo San Juan. Eu me hospedei na primeira e a sua estrutura é impecável. Leve comida para a trilha, se você quiser evitar os preços do restaurante que tem lá. Seguem preços do Arrecifes:
- Jantar = 28.000 COP
- Café da manhã = 16.500 COP
- Diária camping em barraca = 30.000 a 54.000 COP
- Para dormir em rede = 15.000 a 33.000 COP
Saiba que tem uma padaria a 10 minutos deste acampamento com opções mais baratas de alimentação.
O site do Parque Tayrona é bem completo e apresenta informações atualizadas de preços. Acesse-o em: https://www.parquetayrona.com/es/.
O QUE LEVAR
- Mochila de ataque. Eu fiz os dois dias de trilha apenas com uma mochila de 20L. Leve somente o essencial;
- Saco de dormir e isolante, a não ser que você opte por dormir em redes. É possível pagar pelo pernoite na barraca, então, não há a necessidade de levar a sua;
- Calçado de trekking. Qualquer bota ou tênis que aguente caminhar sobre rochas;
- Comida para trilha e para uma janta. Eu não quis pagar os altos preços das refeições que são servidas nos acampamentos, então levei uns sanduíches. Foi só pra uma noite mesmo;
- Água. De 3 a 5 litros. Faz bastante calor no parque.
RESUMO DE GASTOS
Seguem abaixo os meus custos, considerando 2 dias no parque e 2 noites em Santa Marta:
- 2 noites hospedado em Santa Marta = 58.000 COP
- Refeições em Santa Marta = 30.000 COP
- Transporte ida e volta de Santa Marta ao parque nacional = 14.000 COP
- Entrada Parque Tayrona (baixa temporada) = 44.000 COP
- 1 noite hospedado no acampamento Arrecifes = 30.000 COP
- Mercado (comida para a trilha) = 32.500 COP
GASTOS TOTAIS (2018) = 208.500 COP = R$ 231,70
A TRAVESSIA
Dia 1 – Chegada Arrecifes
No primeiro dia, a caminhada é quase toda no meio de uma floresta robusta com alguns trechos de vegetação costeira e se pode contemplar macacos e diversas espécies de pássaros. Também, há alguns belíssimos mirantes pra algumas praias do parque, que não são próprias para banho.
Após 1h30, cheguei ao acampamento Arrecifes, paguei pela hospedagem, deixei minhas coisas e fui caminhar na praia de mesmo nome. A Playa Arrecifes também é imprópria para banho e, inclusive, há muitos registros de mortes de turistas por afogamento. Nem passe perto do mar!
Fui andando pela areia da praia acima até chegar na Playa Arenilla. Elas são separadas por um rio que possui caymanes (jacarés) de até 2 metros de comprimento. Tome cuidado!
Passei um tempo curtindo a Playa Arenilla, que é adequada para banho (finalmente), com as dezenas de turistas que por ali pairavam e depois voltei para o acampamento para jantar e dormir.
Dia 2 – Cabo San Juan e Pueblito
No dia seguinte, o panorama de trekking por floresta alternado com praias se manteve até chegar no Cabo San Juan del Guía, o qual está a 2 horas do primeiro camping.
E olha, foi aqui que conheci o lugar mais lindo do Parque Tayrona. Dá uma olhada na Playa El Cabo, que mais parecem praias siamesas, de onde se pode subir num rochedo para tirar essa foto:
Neste costão, há um quiosque com a opção de dormir em redes a 50.000 pesos por noite. Conversei com uns turistas que me disseram que a vista do nascer do sol dali é espetacular.
Após dar um mergulho nesta praia, que possui águas bem calminhas para nadar, eu parti em direção ao Pueblito Chayrama.
Agora, o cenário muda um pouco e tem início a parte mais difícil da travessia. Levei 1h30 pra sair do nível do mar e ir até a cota 250 m, numa subida desgastante que faz você suar horrores devido ao calor e umidade da região. O percurso se deu por trilha na selva com trechos de escalaminhada em rochas e ao final da subida se encontram estas singelas ruínas:
No Pueblito Chayrama, há uma infinidade de cabanas e indíos tayronas que vivem na região. Nem parece o mesmo parque daquelas praias cheias de turistas entre Arrecifes e o Cabo San Juan.
Mas você deve estar se perguntando “o que tem de arqueológico em cabanas de palha”? Pois bem, tá vendo a base circular de rocha das cabaninhas? Elas foram construídas há mais de 500 anos pelos indígenas locais! O Pueblito tem dezenas de estruturas circulares que não estão ocupadas e dá pra tentar visualizar como esta vila deveria ser forrada de indígenas centenas de anos atrás.
A maioria dos turistas apenas conhece as praias e vai embora pela entrada principal do Parque Tayrona, mas eu recomendo muito que você passe pelo Pueblito.
Para finalizar o trekking, caminha-se por 2 horas pela mata densa até voltar para a rodovia, desta vez no bairro Calabazo. Ao final da travessia, há uma parada onde passam ônibus frequentemente à Santa Marta.
A caminhada total se estende por cerca de 22 km e até é possível realizá-la em um dia, mas aí não vai dar pra aproveitar muito bem as atrações do glorioso Parque Nacional Tayrona. O tracklog do meu percurso foi carregado no Wikiloc e você pode vê-lo neste link.
Um forte abraço e até a próxima!