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O Trekking de 4 Dias à Ciudad Perdida na Colômbia

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Caminhada por florestas, cachoeiras e tribos indígenas até ruínas de mais de mil anos de idade

INTRO

A Ciudad Perdida são um conjunto de maravilhosas ruínas arqueológicas no meio das florestas colombianas do Parque Nacional da Sierra de Santa Marta, as quais foram encontradas apenas no ano de 1972.

Para chegar lá, é preciso fazer 47 km de trilhas em 4 dias de caminhada. Apesar de não ser técnico, o trekking está situado numa região muito quente e úmida e, por isso, pode se tornar bem desgastante.

A floresta do caminho está super preservada e conta com lindíssimos rios e cachoeiras. Além disso, há aproximadamente 70.000 indígenas vivendo na região, o que torna o acesso à área extremamente controlado e faz com que os preços pra visitar o parque se tornem mais caros.

O presente relato informará tudo o que você precisa saber para também poder viver esta inesquecível experiência!

Localização do trekking, das principais cidades do norte da Colômbia e da Sierra Nevada de Santa Marta
Localização do trekking, das principais cidades do norte da Colômbia e da Sierra Nevada de Santa Marta

A Ciudad Perdida foi apenas uma breve passagem do meu mochilão de 3 meses pelo país. Para saber mais, acesse o Guia Turístico Completo da Colômbia e o Mochilão de 90 Dias pela Colômbia.

Para os preços indicados em pesos colombianos neste post, considere que quando fui ao país R$ 1,00 valia 900 COP (Ex.: 9.000 pesos = R$ 10,00).


PREPARAÇÃO

Para realizar o trekking da Ciudad Perdida, é necessário se deslocar à Santa Marta, capital do departamento Magdalena. A cidade está situada no litoral caribenho da Colômbia, a 236 km de Cartagena.

Uma vez em Santa Marta, procure no seu hotel/hostel por uma agência para realizar este passeio, visto que é obrigatório estar no parque acompanhado de um guia.


AGÊNCIAS

Se você preferir agendar o tour com antecedência, segue o contato de alguma das agências de Santa Marta:

Todas cobram os mesmos 950.000 pesos (R$ 1.050 em 2018) pelos 4 dias de passeio. Neste preço está incluído: transportes ida e volta de Santa Marta, 3 hospedagens no interior do parque, todas refeições durante o trekking, taxas de ingresso ao parque nacional e guia em espanhol, que por vezes é acompanhado por um em inglês também.

Eu fiquei muito assustado quando me revelaram a bagatela que seria o custo do tour. Procurei meios pra ver se era permitido fazer este trekking por conta ou se havia guias que cobrassem menos, mas não tem como escapar (se tiver, me conta!). Se quiser entrar em contato com o Parque Sierra Nevada para ver como está a situação quando você for visitar a região, o e-mail é sierranevada@parquesnacionales.gov.co.

Eu não procurei nenhuma agência antes de chegar à Santa Marta. Simplesmente disse que queria fazer a trilha na recepção do hostel que eu estava, o La Guaca, e me colocaram num grupo pro dia seguinte pra ir com a Guias y Baquianos. Mas não custa se antecipar e perguntar pra alguma agência se é preciso agendar o passeio com antecedência caso o movimento de turistas esteja muito alto

O que posso falar da Guias y Baquianos? Bom, a organização para se deslocar até o parque e com as refeições foi ótima. Porém, os guias que acompanharam na trilha eram um pouco relaxados e isso pode ser visto como muito bom ou muito ruim. Você tinha a liberdade de andar no seu ritmo, sozinho, com as pessoas ou como quisesse, mas eu senti que faltou orientar melhor o grupo e explicar mais sobre o parque e a cultura do povo indígena.


QUANDO IR

Na costa norte da Colômbia, as temperaturas são elevadas o ano todo, o que possibilita a realização do trekking para a Ciudad Perdida em qualquer época.

No entanto, vale ressaltar, que os meses de menos chuva e ideais para evitar trilhas cheias de lama são de dezembro a março. Eu fui em fevereiro e as condições estavam ótimas.

Outra vantagem de ir na seca, é que é preciso atravessar rios onde a água bate nos joelhos, mas que na estação chuvosa pode bater na cintura!


O QUE LEVAR

  • Mochila de ataque. Eu fiz os 4 dias de caminhada apenas com uma mochila de 20L. Leve somente o essencial;
  • Calçado de trekking. Qualquer bota ou tênis que aguente caminhadas longas;
  • Roupas impermeáveis, caso pegue tempo com chuva. Bom se prevenir na temporada de secas também;
  • Água. Cerca de 2-3 litros. Faz bastante calor no parque, mas há vários pontos de captação no caminho.

OBS.: Não precisa levar saco de dormir, isolante ou barraca. Também não há a necessidade de levar alimentos, porém eu levei uns amendoinzinhos pra comer na trilha. Leve roupa de banho!


O TREKKING

Dia 1 – Chegada ao Parque Nacional

Acordei cedinho no meu hostel em Santa Marta pra tomar um café da manhã e logo o jipe da Guias y Baquianos passou pra me buscar. Após passar na agência e coletar todos os integrantes do grupo de 15 pessoas, dirigimos por 2 horas até o bairro de Machete Pelao, onde iniciava o trekking.

No mesmo lugar onde o nosso guia Nelson nos deu um briefing sobre todo o passeio, almoçamos um rango bem colombiano e nos preparamos para começar a caminhar.

O primeiro dia foi de aproximação aos limites do Parque Nacional da Sierra Nevada de Santa Marta. Foram cerca de 4 horas de subida cansativa debaixo de um sol ardente, visto que este trecho não está protegido por árvores.

Além das refeições principais, há pontos de apoio com frutas esperando os turistas
Além das refeições principais, há pontos de apoio com frutas esperando os turistas

Ao final da tarde, chegaríamos na primeira área de hospedagem do parque, o Alojamiento de Adán, onde há camas e redes confortáveis para os turistas. Se estiver acostumado a acampar em situações extremas, você vai se sentir num hotel 5 estrelas.

Próximo a esta área, tem um charmoso pocinho pra banhar com uma bela cachoeira. Deixe suas coisas no acampamento e venha desfrutar de seu encanto.

Camas pros turistas no interior do parque
Camas pros turistas no interior do parque
Poço e cachoeira ao lado do primeiro acampamento
Poço e cachoeira ao lado do primeiro acampamento

Dia 2 – No Meio da Selva

O segundo dia é maravilhoso, porque se tem a verdadeira imersão na robusta floresta do parque. Também é um dia com perrengues, pois a caminhada é longa (por volta de 8 horas), há muito sobe e desce de morros e é preciso cruzar o rio Buritaca algumas vezes.

Cruzando o Rio Buritaca
Cruzando o Rio Buritaca
Deliciosa cachoeira no caminho. Óbvio que me banhei nela!
Deliciosa cachoeira no caminho. Óbvio que me banhei nela!

Neste dia, passamos por dezenas de indigenas que vivem nas imediações do parque e até por algumas charmosas vilinhas cheias de ocas.

Cabaninhas de pau a pique e teto de palha
Cabaninhas de pau a pique e teto de palha

Os indígenas que ali vivem são descendentes do povo Tayrona, que habitou a região há centenas de anos e descendem dos nômades que saíram da Ásia e chegaram na América do Sul por volta do ano 200 d.C.

Crianças indiazinhas fofas (foto com zoom de 20x)
Crianças indiazinhas fofas (foto com zoom de 20x)

Não trate os índios como atração turística. Sei que pode ser muito tentador sair fotografando, mas a maioria deles olha feio e podem até começar a reclamar. Eu procurava apenas tirar fotos bem distantes com bastante zoom.

Apesar disso, pode ser que algumas crianças se aproximem pedindo comida. Se for dar, não dê coisas que possam fazer mal pros dentes delas.

- “Galletas?!! Galletas?!!” - “Sólo tengo plátanos, puede ser?”
– “Galletas?!! Galletas?!!” – “Sólo tengo plátanos, puede ser?”

Chegaríamos ao segundo acampamento no fim da tarde, o Paraíso Teyuna, que possui excelente estrutura, como o de Adán. Não deixe de desfrutar do lindo rio que corre ao lado da área.


Dia 3 – Ciudad Perdida

Eis que chega o tão esperado momento. Saímos bem cedo com apenas um objetivo em mente: visitar as gloriosas ruínas da Ciudad Perdida, ou Teyuna, seu nome original.

Após mais uma atravessada de rio, inicia uma subida inclinada, onde será preciso subir mais de 1000 degraus de pedras pra alcançar o destino!

Durante a ascensão, passa-se pelas Terrazas, estruturas circulares onde os índios Tayrona montavam cabanas quando habitaram a região.

O último passo, era subir esta imensa escadaria.

Ciudad Perdida

Ao final dela, surgem outros lindos terraços que já marcam o início da Ciudad Perdida. Os passos seguintes eram de pura contemplação, não apenas pela beleza das ruínas, mas também por imaginar como seria a vida dos índios Tayrona no local séculos atrás.

Até que, enfim, chega-se no mirante que marca a vista clássica deste memorável cartão postal colombiano:

Ciudad Perdida Teyuna
A magia das ruínas de 1.000 anos da Ciudad Perdida no meio da selva. É um daqueles lugares na Terra que você se sente especial por ter tido a oportunidade de conhecer

A antiga Teyuna foi construída pelo Tayrona entre os anos 700 e 1100 d.C.. O local foi um templo sagrado, onde foram feitas cerimônias e oferendas ao decorrer de mais de 400 anos.

Ao chegar aqui, não tem como não compreender a importância da preservação da natureza, dos povos indígenas e de sua história. E isso a Colômbia está fazendo com maestria, ao menos nesta região. Até consegui entender por que é obrigado ir com agência e os elevados preços do tour.

E isto foi só a metade do trekking. Mas claro, o regresso é bem rápido por ter muito mais trechos de descida que de subida.

Foram cerca de 4 horas entre passar pelo Paraíso Teyuna, aproveitar rios e cachoeiras do caminho e chegar no Alojamiento Tezhúmake, que fica entre o Paraíso e o Adán.


Dia 4 – Regresso à Santa Marta

O último dia da aventura foi uma caminhada matinal de 4 horas até voltar a Machete Pelao, onde tivemos o último almoço com o grupo.

Pra finalizar o tour, o jipe nos levou de volta até Santa Marta e nos despedimos, ainda deslumbrados com a vivência que tínhamos acabado de ter.

Ah, segue o tracklog da minha trilha pela Ciudad Perdida neste link do Wikiloc.

Obrigado por ler!!

Um abraço!

Javalinho aparecendo na sua tela agradecendo também
Javalinho aparecendo na sua tela agradecendo também

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