Press "Enter" to skip to content

Mochilão de 90 Dias pela Colômbia

0

Um compilado cheio de detalhes dos mais lindos lugares da Colômbia pra você conhecer

INTRO

Este relato é a continuação do meu Guia Turístico Completo da Colômbia, onde passo todas as informações que você precisa saber pra planejar sua viagem para este lindo país.

Já o presente relato, contemplará a descrição detalhada dos lugares que conheci nos meus 90 dias por lá. Navegue pelo índice acima para ir direto ao seu destino de preferência!

Segue um mapa com o meu roteirão pela Colômbia:

Para os preços indicados em pesos colombianos neste post, considere que quando fui ao país R$ 1,00 valia 900 COP (Ex.: 9.000 pesos = R$ 10,00).

Veja também: Os 10 Lugares Mais Incríveis da Colômbia


LUGARES QUE VISITEI

Dias 1 e 2: Ipiales e Catedral de Las Lajas

Após passar mais de um mês no Equador, eu cruzei por terra a fronteira a norte do país com a Colômbia. Esta borda fica entre as cidades de Tulcán, no Equador, e Ipiales, na Colômbia. Ao atravessar essa fronteira, você leva de brinde uma das catedrais góticas mais bonitas da América do Sul, o Santuário de Las Lajas em Ipiales.

A logística para atravessar esta borda tranquila e as informações pra você conhecer a catedral podem ser encontradas no post Fronteira Equador-Colômbia por Terra.

Las Lajas e o vale louco em que ela está situada!
Las Lajas e o vale louco em que ela está situada!

Dias 3 a 7: Pasto e Laguna La Cocha

San Juan de Pasto é uma cidade no sul da Colômbia e capital do departamento de Nariño, do qual Ipiales também faz parte. Pasto é conhecida principalmente pela Laguna La Cocha, pelo Carnaval de Negros y Blancos e pelo Galeras, um vulcão ativo que está proibido de subir desde 2004. A altitude da cidade é de 2.500 metros sobre o nível do mar, então lembre-se de levar um casaquinho.

Pasto não estava nos meus destinos mais aguardados, mas foi aqui que eu tive a primeira experiência com a maravilhosa hospitalidade do povo colombiano. Eu fiquei no hostel Colombian House e fiz uma super amizade com a dona, a Mafe e com sua família e amigos. Ela me levou pra conhecer tudo da cidade e me introduziu no meio que viria a ser uma das minhas maiores paixões pela Colômbia: a salsa. Saímos algumas noites pra dançar e foi maravilhoso. A “discoteca” que íamos se chama Bongo’s, caso você esteja a fim de conhecer.

Laguna La Cocha

No meu primeiro dia em Pasto, eu fui conhecer a Lagoa La Cocha. Para chegar nela, toma-se uma van até a charmosa vila La Cocha ao preço de 4.500 pesos. Recomendo que você pague um barco até a Isla Corota, de onde se faz uma curta trilha por dentro de uma floresta para chegar neste mirante:

Laguna La Cocha vista da Isla Corota
Laguna La Cocha vista da Isla Corota

O preço normal do barco é de 60.000 pesos ida e volta, mas encontrei um local na rua que me fez a 30.000. Também é preciso pagar 6.500 pesos pela entrada no parque. Depois de conhecer a lagoinha e comer um almoço com um peixão delicioso, eu retornei à cidade.

Veja minha trilha e passeio de barco na Isla Corota através deste link do Wikiloc.

Carnaval de Negros y Blancos

O melhor de Pasto foi o Carnaval de Negros y Blancos que acontece todos os anos, de 2 a 7 de janeiro. Este é o segundo maior carnaval do país, atrás apenas do de Barranquilla.

O evento possui inúmeras atrações, sendo as principais:

  • Shows dos mais variados estilos de música colombiana, onde os foliões saem pintando uns aos outros de preto (Día de Negros);
  • Dezenas de desfiles com apresentações de danças típicas; e
  • Um sensacional desfile de carros alegóricos imensos, em que todo mundo faz uma guerra intensa de espumas (Día de Blancos).

Estar com a Mafe foi sensacional, pois ela sabia todos os melhores lugares e horários para desfrutar o melhor do carnaval.

Muitos shows, desfiles, espumas e tintas. Pensa numa diversão!
Muitos shows, desfiles, espumas e tintas. Pensa numa diversão!

Dias 8 e 9: Popayán

Asunción de Popayán foi fundada pelos espanhóis em 1537 e é a capital do departamento Cauca. Ela é uma cidade histórica muito peculiar, porque as paredes de todas as casas e construções do seu centro colonial são brancas. Vale muito a pena andar por suas ruazinhas e visitar os seus museus. Ela é um charme só!

Praça central de Popayán
Praça central de Popayán

Além disso, a cidade abriga uma antiga pirâmide inca! Mas, pode deixar o ânimo de lado, porque os espanhóis a aterraram há séculos. Só o que se vê é um morrão com grama. Ainda assim, sugiro que conheça o Morro de Tulcán, como é chamado, e dê uma subida em seu cume. As vistas de Popayán são tremendas e os pores do sol de lá são perfeitos.

El Morro de Tulcán por baixo e por cima
El Morro de Tulcán por baixo e por cima

Outras atrações interessantes nos arredores de Popayán que eu gostaria de ter conhecido são o Vulcão Puracé e o sítio arqueológico de Tierradentro. Se quiser ir no primeiro, eu peguei o contato do guia Wilson: (+57) 313-606-0027. Eu até cogitei ir neste último, mas eu tinha outra prioridade de ruínas pré-incas para conhecer…


Dias 10 e 11: San Agustín

O município de San Agustín, em Huila, abriga diversas riquezas arqueológicas e naturais. O famoso parque arqueológico da cidade foi declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1995 e é, sem dúvida, uma das minhas atrações favoritas da Colômbia.

A viagem entre Popayán e San Agustín se dá por uma estrada de terra tortuosa e só empresas pequenas percorrem este trajeto.

Logo que cheguei na cidade, saí da van e um local já me abordou oferecendo um combo de hospedagem e dois dias de passeios na região.

No primeiro dia visitamos:

  • Estreito do Rio Magdalena: é um local onde o rio mais importante do país possui apenas 2 metros de largura. Ele nasce a 30 km de San Agustín e percorre 1.500 km pra norte, até desaguar em Barranquilla;
  • Tumbas de Obanto: datam do século XI antes de Cristo! Elas foram encontradas há 24 anos e não há muitos estudos referentes à esta civilização pré-inca;
  • Alto de Los Ídolos: aqui há muitas esculturas de pedra que datam de 100 a 900 d.C. Há diversas tumbas com estátuas das mais variadas feições, desde pessoas mascaradas que parecem demônios, a figuras humanas singelas e até animais. Há tumbas que a tampa tem forma de lagarto e crocodilo, por exemplo. Deveras interessante;
  • Cascada Los Bordones e Salto Mortiño: duas belas cachoeiras.
Estrecho del Río Magdalena, Tumba de Obanto, Alto de Los Ídolos e Cascada Los Bordones
Estrecho del Río Magdalena, Tumba de Obanto, Alto de Los Ídolos e Cascada Los Bordones

No segundo dia fomos com o mesmo grupo ao Parque Arqueológico lindão de San Agustín. Este dia eu gostei bem mais, não só porque este parque é fenomenal, mas também porque após um breve briefing sobre a história do sítio arqueológico, finalmente pudemos ficar sem guia e explorar o site como quiséssemos.

Passei 3 horas sozinho explorando as esculturas do parque. Recomendo imensamente a visita!

Uma das centenas de ruínas pré-incas de mais de 3000 anos do site!
Uma das centenas de ruínas pré-incas de mais de 3000 anos do site!

Dias 12 a 15: Caño Cristales Por Terra

A jornada por terra até o Rio das 7 Cores, um dos vários nomes do Caño Cristales, é bem longa e pode não compensar se você tiver pouco tempo na Colômbia.

Devido às peculiaridades deste rio, eu resolvi escrever um relatão focado só na minha experiência nele. Dá uma checada no post Caño Cristales, El Río Más Hermoso del Mundo.

A planta subaquática macarenia clavigera, que dá a coloração vermelha para o rio e torna este lugar tão único
A planta subaquática macarenia clavigera, que dá a coloração vermelha para o rio e torna este lugar tão único

Dias 16 e 17: Curillo e as FARC

Após visitar o Caño Cristales, voltei a Florência, onde havia deixado minha mochilona. Me informei sobre o que poderia fazer pra explorar um pouco da região e me disseram que havia um povoadinho simpático chamado Curillo.

Eu não tinha ideia do que me aguardava, mas esta se tornaria uma curiosa experiência da minha viagem. Isto porque, Curillo é um vilarejo à beira da Amazônia colombiana que foi dizimado pelas FARC nos anos 90.

Para chegar lá, é preciso ir ao terminal de Florência e pegar um transporte a San José del Frágua.

Fiquei cerca de 2 horas em San José, onde aproveitei pra almoçar e fazer uma trilhazinha pra um morro que mostra uma vista bonita da cidade. Depois, peguei uma chiva (um tipo de ônibus) até Curillo.

Logo que cheguei na vilazinha, já percebi que o povo local não está muito acostumado com turistas. Um senhor todo animado veio me dar as boas vindas e ofereceu uma cerveja grátis no bar dele, só porque eu tenho cara de turistão.

Curillo fica à beira do Rio Caquetá, o qual se estende por quase mil quilômetros até entrar no Brasil como Rio Japurá e depois desaguar no glorioso Rio Amazonas.

Após chegar na vila, me instalei num hotelzinho e fui dar um mergulho no rio. Na sequência, consegui aproveitar um pôr do sol maravilhoso, com direito a centenas de aves passando no horizonte.

Pôr do sol no Rio Caquetá, porta de entrada pra Amazônia colombiana
Pôr do sol no Rio Caquetá, porta de entrada pra Amazônia colombiana

Enquanto eu assistia e fotografava o entardecer, um sargento do exército se aproximou para falar comigo. Ele foi extremamente simpático e me fez várias perguntas sobre minha procedência e o que eu estava achando da Colômbia. Depois eu que o enchi de perguntas sobre o porquê de haver tantos militares nesta vila tão pacata.

Ficamos uns 30 minutos conversando e ele me explicou sobre como as FARC invadiram, destruíram e ocuparam Curillo nos anos 90. Ele me contou que fez várias investidas contra os guerrilheiros na região e que estava no grupo que ajudou a liberar La Macarena e o Caño Cristales. Foi uma experiência e tanto!

Ruínas de Curillo em função da ocupação das FARC no passado. Há dezenas de casas que seguem destruídas há mais de 20 anos
Ruínas de Curillo em função da ocupação das FARC no passado. Há dezenas de casas que seguem destruídas há mais de 20 anos

Após passar uma noite na vilinha, parti de volta pra Florência e subi os Andes novamente, agora sentido Neiva.


Dias 18 e 19: Neiva e o Deserto da Tatacoa

A cidade de Neiva, capital do departamento de Huila, é conhecida por ser a base para quem deseja visitar el Desierto de la Tatacoa.

Eu passei uma noite na cidade e na manhã seguinte fui ao terminal pegar um ônibus até o deserto. O trajeto direto custa 15.000 pesos, mas eu decidi passar em Villavieja, uma charmosa vilazinha no caminho e, por isso, paguei 7.000 COP. O problema de fazer isso é que daqui vão querer te cobrar mais de 10.000 pra ir ao Tatacoa. Tive que barganhar muito pra encontrar um motociclista que me levasse por 8.000, pra fechar no mesmo valor que eu teria pagado se fosse direto de ônibus.

Em poucos minutos, ele me deixou no observatório do deserto. Há vários horários de tours noturnos para observação do céu, caso tenha interesse.

O Deserto da Tatacoa
O Deserto da Tatacoa

O meu objetivo era só fazer trilha mesmo, porque eu voltaria para Neiva no mesmo dia. Se você quiser, há opções de camping e quartos simples próximo ao observatório.

Fiz um circuito breve, de 1h30min, que percorre por entre as interessantes feições desérticas do local.

Na verdade, a região não é um deserto propriamente dito e sim um bioma de floresta tropical seca, que se estende por 330 km2. Ainda assim, é a segunda área mais árida da Colômbia, depois de La Guajira, no extremo norte do país.

Para regressar, encontrei uma moto que me levou até Villavieja e depois peguei um ônibus pra voltar ao terminal de Neiva.

Próxima parada: Cali!


Dias 20 a 29: Cali, meu amor!

Se você me perguntasse um lugar pra morar na Colômbia, eu escolheria Cali sem pestanejar. Os dias são quentes e as noites perfeitamente frescas, do jeito que eu gosto. Aqui você vai sentir o verdadeiro sabor colombiano, com as pessoas mais receptivas e calorosas do país, muito devido à influência africana na região.

A Salsa

Mas o que fez eu me apaixonar pela cidade em definitivo foi a salsa. Todos os estabelecimentos, táxis, casas e onde mais você for, tocarão salsa como música ambiente. Os hostels vão te indicar as melhores casas noturnas da cidade e te oferecer descontos para aulas de salsa. Não é à toa que Cali é considerada a capital mundial deste ritmo envolvente. Mas claro, o mesmo motivo que fez eu amar a cidade, pode ser o que faça você sair correndo. Minhas baladas preferidas por lá foram Baco e Tin Tin Deo.

Em Cali, eu me hospedei usando Couchsurfing na casa da Alba e sua família. Elas fizeram questão de me alimentar por toda minha estada na cidade e não aceitaram nenhuma contribuição. Ainda por cima dei a sorte dela ser professora de salsa e aí já viu, né? Tudo favoreceu para que eu estendesse a minha permanência na cidade.

A Cidade

Além da salsa, Cali atrai muitos turistas devido ao seu lindo centro histórico e outras edificações interessantes. Minhas atrações favoritas foram:

  • Iglesia de San Francisco
  • Iglesia La Ermita
  • Iglesia de San Antonio, que apresenta uma bela vista da cidade. Por sinal, San Antonio é o melhor bairro pra se hospedar em Cali
  • Caminhar pela Orla do Río Cali
  • Cristo Rey, um cristo redentor no topo de uma colina, que mostra um belo panorama da cidade
Panorama da Iglesia de San Francisco, no centro histórico de Cali
Panorama da Iglesia de San Francisco, no centro histórico de Cali
O Cristo Rey
O Cristo Rey

Pico de Loro

Cali também é provida de belas trilhas, isto porque ela se situa aos pés da Cordilheira Ocidental dos Andes.

Eu fiz uma trilha de um dia para o Pico de Loro, situado no Parque Nacional Farallones de Cali. Para chegar nele, basta pegar um ônibus de Cali ao Pueblo Pance e de lá caminhar 3 horas por uma linda floresta subandina até alcançar o cume do pico. Preste atenção nas dezenas de espécies de aves que se pode encontrar no caminho.

Meu tracklog para o dia de trilha nesta montanha se encontra neste link.

Vista do topo do Picoloro
Vista do topo do Picoloro

Feria de Cali

Por fim, eu aproveitei um pouco da Feria de Cali, evento que acontece todos os anos, de 25 a 30 de dezembro. A feira se originou em 1956, como forma de financiar o crescimento econômico da cidade após uma recessão que enfrentou na época, e hoje se tornou uma das maiores festas do país.

Há dezenas de apresentações de dança, desfiles e shows de todos os tipos de música latina. Vale a visita se você for passar pela Colômbia no fim do ano!

Desfiles e shows da Feria de Cali. A foto de baixo é do Grupo Niche, uma das bandas de salsa mais tradicionais e reconhecidas da América Latina
Desfiles e shows da Feria de Cali. A foto de baixo é do Grupo Niche, uma das bandas de salsa mais tradicionais e reconhecidas da América Latina

Dias 30 e 31: San Cipriano e Buenaventura

Buenaventura, bem como Cali, está situada no departamento Valle del Cauca, no oeste da Colômbia. Ambas as cidades têm grande influência das tradições africanas e Buenaventura, inclusive, possui 85% de população negra.

Meu objetivo no Pacífico colombiano era conhecer San Cipriano e as praias de Ladrilleros e La Barra, ambas no Parque Nacional Natural Uramba Bahía Málaga.

Há diversos transportes que conectam Cali a estes destinos.

Segue um mapa para que você visualize as localidades visitadas do município de Buenaventura.

San Cipriano

Se você quiser conhecer à pacata San Cipriano, é necessário pegar um ônibus de Cali a Buenaventura e descer no povoado Zaragosa.

Daqui o transporte que leva até San Cipriano é conhecido como “brujita”, uma moto/vagão que circula em trilhos de trens abandonados. Olha um gifzinho aí pra você entender melhor:

Brujita. O meio de transporte mais divertido
Brujita. O meio de transporte mais divertido (e “seguro”)

A viagem custa 6.000 pesos, dura cerca de 15 minutos e passa por dentro de uma belíssima mata preservada.

Cheguei em San Cipriano, fiz o check-in no Hotel Lina e parti pra conhecer o lindo rio da cidade. Faz-se uma pequena trilha por uma floresta densa e em pouco tempo já se atinge as águas cristalinas do Rio San Cipriano.

Delícia banhar aí
Delícia banhar aí

Fiquei 2 horas desfrutando das águas do poço aí da foto, onde há uma corda divertida para saltar no rio.

Na manhã do dia seguinte, peguei uma brujita de San Cipriano ao povoado de Córdoba, de onde há vans para Buenaventura.

Ladrilleros e La Barra

Uma vez em Buenaventura, fui ao porto da cidade, que fica perto do terminal de ônibus. Para se deslocar ao Parque Uramba e às praias de Ladrilleros e La Barra é preciso pegar barcos para a vila de Juanchaco, que custam 70.000 pesos ida e volta.

No porto, há uma tabela grande de preços fixos das lanchas para Juanchaco e outras praias próximas a Buenaventura. Um rapaz viu minha cara de gringo e já veio me oferecer uma lancha para a vila que sairia às 10h. Fique atento aos horários de regresso para decidir se voltará no mesmo dia ou se passará uma ou mais noites no parque. Há muitas agências no porto e, como os preços são fixos, não há como te passarem a perna.

Juanchaco é uma vila bem simpática e possui a praia que eu mais gostei do Parque Uramba, apesar que, honestamente, nenhuma das praias da região me impressionaram.

De Juanchaco eu resolvi ir de moto até La Barra, onde fiquei por cerca de 2 horas curtindo a praia. Dali, eu caminhei lentamente pela areia da praia até Ladrilleros e segui andando de volta a Juanchaco.

Uma curiosidade triste das praias da região é que o nível do mar está subindo em função das alterações climáticas que o mundo vem sofrendo. Dá uma olhada nas ruínas que estão no meio da praia de La Barra:

Uma das muitas casas destruídas pelo aumento do nível do mar em La Barra
Uma das muitas casas destruídas pelo aumento do nível do mar em La Barra

O tracklog da caminhadinha que fiz na região se encontra no link.

No mesmo dia, regressei à Cali e na manhã do dia seguinte parti para a cidade de Salento, em Quindio, onde viveria umas das experiências mais fantásticas da Colômbia!


Dias 32 a 36: Salento, Cocora e Nevado del Tolima

Salento é um charme só. Sua arquitetura colonial e as palmeiras gigantes do Valle del Cocora fazem da cidade uma parada obrigatória na sua visita ao país.

Se curtir trekking de altitude então, você vai se deliciar com a mini expedição de 3 dias ao pico do Nevado del Tolima. Este belo vulcão está situado no Parque Nacional de los Nevados e é pertencente à Cordilheira Central dos Andes colombianos.

Gostei tanto da região, que fiz um relato detalhado sobre minha passagem por lá. Dá uma checada em Salento e Ascensão ao Nevado del Tolima.

Valle del Cocora. Ó o tamanho das palmeirinhas!
Valle del Cocora. Ó o tamanho das palmeirinhas!
Cume do Nevado del Tolima, com seus 5.215 metros de altura

Dias 37 e 38: Manizales e Santa Rosa de Cabal

A cidade de Manizales, em Caldas, atrai turistas por suas construções históricas e pelo Nevado del Ruiz. Já Santa Rosa de Cabal, em Risaralda, é mais famosa pelas suas piscinas de água termal.

Segue um link do Maps com as cidades que visitei nos departamentos de Quindio, Risaralda e Caldas.

Santa Rosa de Cabal

De Salento, a melhor alternativa para chegar em Santa Rosa é tomar um ônibus até Armênia e depois outro a Santa Rosa. Há também opções que conectam Salento a Pereira, mas são mais escassas e você precisará reservar com um dia de antecedência. Uma vez em Pereira, há várias opções e horários de transporte a Santa Rosa.

A vila é famosa pelas suas águas termais, mas também possui uma praça com uma igreja bem bonita. Para ir às termas há um ônibus que sai desta praça a cada 2 horas que cobra 1.400 pesos. Fuja dos táxis, que vão pedir cerca de 24.000 pesos pra realizar o mesmo trajeto.

Uma vez nas termas de Santa Rosa, é preciso pagar 25.000 COP de ingresso. Lá dentro, há 4 piscinas de água quente, um restaurante, vestiário e uma linda cachoeira de cerca de 20 m de altura (de água gelada, claro). Ainda há a possibilidade de fazer um passeio de 2 horas que custa 10.000 e passa por outras cachoeiras dentro da linda mata da fazenda, mas eu decidi não fazer.

Manizales

Há ônibus que saem de Santa Rosa a Manizales a cada 15 minutos. Meu intuito era fazer um tour para o Nevado del Ruiz, o ponto mais alto do Parque Nacional de los Nevados, mas os passeios estavam fechados desde 2016, devido à atividade do vulcão.

Curiosidade: no ano de 1985, o Ruiz entrou em erupção e destruiu a cidade de Armero, matando mais de 20.000 pessoas no processo.

Só o que fiz em Manizales, então, foi visitar a catedral da cidade. É possível fazer um tour pra conhecê-la por dentro que custa 11.000 pesos e sai uma vez por hora. O topo da igreja apresenta belas vistas da cidade, principalmente da Plaza Bolívar. Inclusive, se pode ver as 3 principais montanhas do Parque de Los Nevados: Ruiz, Tolima e Santa Isabel.

A Catedral Basílica de Manizales vista da Plaza Bolívar
A Catedral Basílica de Manizales vista da Plaza Bolívar

Próximo destino: a famigerada Medellín!


Dias 39 a 43: Medellín e Guatapé

A cidade onde viveu o traficante mais famoso da história, Pablo Escobar, é também a mais moderna do país, sendo a única que possui metrô. Medellín, a capital de Antioquia, é a queridinha dos colombianos por onde quer que você pergunte. Eu, por outro lado, não tive vontade de passar muito tempo nela, pois senti um pouco da falta do sabor da Colômbia. Ainda assim, vale a visita e lembre-se que cada pessoa tem sua única experiência em cada distinto lugar.

A Cidade

Medellín possui belas edificações históricas, como a Catedral Metropolitana e a Iglesia de la Veracruz. Outras atrações interessantes são o Parque Lleras, o Parque de las Luces e o Pueblito Paisa, uma réplica de um típico povoado colombiano e que apresenta belas vistas da cidade.

O bairro que a maioria dos turistas se hospedam se chama El Poblado. Aqui, há uma infinidade de hostels e uma vida noturna animada. Eu fui a uma balada de música latina chamada Ruana la Juana e me diverti a valer.

Catedral Metropolitana de Medellín
Catedral Metropolitana de Medellín

O que mais me impressionou em Medellín foi o Metrocable e a Comuna 13. O primeiro é um teleférico, que na verdade é uma extensão do metrô e que traz transporte público eficiente à periferia. E a segunda é uma comunidade que foi pacificada e abriga belos grafites e uma boa estrutura para os seus moradores, até mesmo escadas rolantes!

Com um simples ingresso de metrô, pode-se fazer baldeação ao Metrocable e passar sobre a comunidade
Com um simples ingresso de metrô, pode-se fazer baldeação ao Metrocable e passar sobre a comunidade

Guatapé e Piedra del Peñol

Guatapé é uma cidadezinha próxima a Medellín, famosa por abrigar a Piedra del Peñol, um impressionante monolito de 220 metros de altura. É possível ir ao seu topo através de uma escada construída nas paredes da pedra.

Para chegar lá, toma-se um ônibus desde o terminal norte de Medellín, ao preço de 13.000 pesos. Ainda é necessário pagar 18.000 para poder ingressar na escada que leva ao cume da pedra. Eu fiz um bate-volta desde Medellín, mas ouvi pessoas recomendando passar uma noite na vila de Guatapé.

Do topo da pedra, há vistas para a represa Peñol-Guatapé. Apesar de ser bonito, eu não fiquei tão emocionado quanto às pessoas que me recomendaram vir até aqui. A Piedra del Peñol é bem chocante por ser um blocão de rocha no meio do nada, mas fora isso, não me senti na natureza com todo aquele cenário de pastos com represa. Mas não deixe de vir. Venha e tire suas próprias conclusões!

A Piedra del Peñol vista de baixo e o mirante do seu topo
A Piedra del Peñol vista de baixo e o mirante do seu topo

Na sequência da trip, eu tomei um ônibus até Bogotá. Muitos vão me odiar por isso, mas eu a preferi sobre Medellín hahah.


Dias 44 a 54: Bogotá e Zipaquirá

A capital do país é também a capital do departamento de Cundinamarca e a maior cidade da Colômbia, com cerca de 7 milhões de habitantes. Ela está a uma altitude de 2.600 metros sobre o nível do mar, então não estranhe se você sentir alguma tonturinha.

Eu adorei Bogotá! Ela possui um centro histórico formidável, os melhores museus, uma infinidade de parques, ótimas casas noturnas e minha atração favorita, o Morro de Monserrate. A cidade também está a cerca de 50 km da Catedral de Sal de Zipaquirá, uma atração obrigatória na sua passagem ao país.

Algo que engrandeceu muito a minha experiência por lá foram as pessoas que eu conheci. Os estudantes Santi e Juan me abrigaram por Couchsurfing e me apresentaram muito da cidade. Depois me hospedei no excelente hostel Casa Capital, onde conheci os venezuelanos Manu e José, que junto com o mineiro Raphael formamos um grupo de amigos inseparáveis. Foi muita curtição e muitas idas ao Gringo’s Tuesday e ao Theatron, uma balada open bar com mais de 15 ambientes, que é uma das melhores que fui na vida.

Os bairros que recomendo que você se hospede são La Candelaria, Teusaquillo ou Chapinero. O transporte público da cidade é o Transmilênio e ele possui uma malha extensa de ônibus. Só não esqueça de ficar atento com bolsos e mochilas, porque rola uns furtos.

Agora, as minhas atrações preferidas de Bogotá:

Em azul estão marcados alguns pontos turísticos de interesse e em vermelho os terminais e aeroportos de Bogotá. Note que o ponto em vermelho mais a norte é de onde se pega ônibus a Zipaquirá e o a sudoeste é de onde sai transporte ao Salto del Tequendama. Na parte sudeste do mapa está uma rota em azul bem representativa da cidade, que eu recomendo que você faça a pé.

Centro Histórico

O bairro La Candelaria atrai muitos turistas por abrigar o centro histórico de Bogotá. Eu não me hospedei nele pois me disseram que suas ruas eram perigosas pela noite, mas o visitei inúmeras vezes.

Sugiro que faça um circuito caminhando entre a Plaza de Bolívar até o Museu do Ouro passando pela Carrera 7, uma rua apenas para pedestres que é cheia de vida e de apresentações. Procure também pela Plaza Chorro de Quevedo, o lugar em que foi fundada Bogotá, no ano de 1538.

Plaza de Bolívar
Plaza de Bolívar

Da Candelaria, você pode ir andando ao glorioso Monserrate.

Monserrate

Recomendo muito que você visite este morro e mais ainda que faça a caminhada que sai da base da montanha até seu cume, na cota 3.150 m. Você tem a opção de fazer de teleférico, mas se puder vá a pé. Assim, você vai acompanhando as vistas da cidade de vários ângulos diferentes e ainda economiza 20.000 pesos.

Do seu topo, você pode contemplar fabulosos panoramas de Bogotá e a Basílica del Señor de Monserrate.

Bogotá vista do topo do Monserrate. Cuidado com os efeitos da altitude. Se puder, deixe para subi-lo nos seus últimos dias na cidade para que você possa aclimatar um pouco
Bogotá vista do topo do Monserrate. Cuidado com os efeitos da altitude. Se puder, deixe para subi-lo nos seus últimos dias na cidade para que você possa aclimatar um pouco

Parques e Museus

São diversos os parque e museus que esta metrópole oferece. Os parques que mais gostei foram: Nacional, Simon Bolívar, El Virrey, e de la 93, com destaque para os dois primeiros.

Quanto aos museus, há dois que você precisa visitar: o Museu Nacional e o Museu do Ouro. O primeiro conta toda a história da Colombia, desde os tempos pré-hispânicos (de 14.000 a.C. a 1492) até a época da colonização espanhola e, por fim, a história recente do país e das FARC (Custa 3.000 pesos). Já o segundo conta a história do manuseio do ouro e outros metais no país desde os tempos mais remotos (Custa 4.000 pesos).

Salto del Tequendama

Para chegar nesta bela cachoeira, há que tomar um ônibus Transmilênio até a estação San Mateo e depois um bus para Mesitas que passe pelo Zoológico. O custo de transporte ida e volta é de aproximadamente 20.000 pesos.

O Salto del Tequendama tem cerca de 130 metros de queda e está inserido num lindo vale com vários paredões.

Salto del Tequendama
Salto del Tequendama

Lindo, não é? Agora vem a parte bizarra.

A água que cai da cachoeira vem do Rio Bogotá, que nasce próximo à capital e passa numa comunidade no município de Soacha, na Grande Bogotá. Então, não queria te decepcionar, mas a água dele é extremamente poluída. E o que é pior, tá vendo esse vapor d’água que sobe? Ele te perseguirá até o mirante pra cachoeira, só pra você sentir aquele apetitoso cheirinho de fezes.

Vale a visita? Vale. Mas saiba que este é um claro exemplar da natureza sofrendo um triste impacto da atividade humana.

Já ia esquecendo. Ao lado da cachoeira, há uma mansão à beira do penhasco que funcionou como hotel por muitos anos, o Hotel del Salto. Ele foi abandonado nos anos 90 justamente em função da diminuição do turismo no local por causa da poluição do rio. Hoje, a casona foi convertida em um museu. Infelizmente, eu não me informei pra saber se pode ou não entrar nele.

Zipaquirá

Zipaquirá

No meu último dia em Bogotá, eu segui sentido norte para a Catedral de Sal construída dentro das minas de sal da vila de Zipaquirá. Eu fui acompanhado do Fernando, um colombiano sangue bom que conheci em Bogotá.

Para ir a ela, toma-se um Transmilênio até o Portal Norte e outro ônibus até a cidade. No caminho, descemos para almoçar em Chia, no famoso, caro e delicioso restaurante Andrés Carne de Res.

Ao chegar na Catedral de Zipaquirá, é preciso pagar 50.000 pesos de entrada. É obrigatório acompanhar um grupo com guia, o qual vai dar uma bela explicada sobre a história da igreja subterrânea.

Procure visitar Zipaquirá pela manhã e voltar cedo, visto que o trânsito para entrar de volta em Bogotá no fim da tarde é colossal.

No meu caso, eu conheci a catedral, me despedi do Fernando e segui sozinho pra norte sentido a charmosa Villa de Leyva.


Dias 55 e 56: Villa de Leyva

Essa cidadezinha histórica é um verdadeiro encanto. As ruazinhas pacatas de Villa de Leyva me agradaram tanto, que me arrependi de ter passado tão pouco tempo nela.

Passei horas caminhando pelas suas ruas de paralelepípedo e até dormi numa praça ouvindo os passarinhos de tão relaxado que fiquei lá. Acabei nem indo conhecer duas atrações bem visitadas da região, a Casa Terracota e o Parque Arqueológico de Monquirá. Não deixe de ir à Plaza Mayor da cidade e na Iglesia del Carmén.

Cavalinhos na Iglesia del Carmen. Esse é o clima bucólico de Villa de Leyva
Cavalinhos na Iglesia del Carmen. Esse é o clima bucólico de Villa de Leyva

Existem cerca de 6 horários de ônibus por dia que conectam a vila com Bogotá. Como eu estava indo para norte, peguei um ônibus a Tunja, capital do departamento de Boyacá, e outro para El Cocuy.


Dias 57 a 60: Parque Nacional El Cocuy

Me apaixonei pelo Parque El Cocuy. Suas montanhas nevadas da Cordilheira Oriental dos Andes formam, na minha opinião, o cenário natural mais bonito da Colômbia.

O lugar é um pouco difícil pra chegar e você não gastará pouco para fazer os passeios, já que é obrigatório guia e a logística é um pouco complicada. Ainda assim, recomendo que você visite este parque se gostar de um trekking pesado.

Escrevi tudo o que você precisa saber para visitá-lo no relato Trekking em El Cocuy, o lugar mais bonito da Colômbia.

Laguna Grande a 4.500 metros sobre o nível do mar
Laguna Grande a 4.500 metros sobre o nível do mar

Dias 61 e 62: Cânion de Chicamocha

Para chegar no Cânion de Chicamocha desde El Cocuy, eu peguei uma sequência de ônibus El Cocuy -> Soatá -> Málaga -> Bucaramanga -> Chicamocha, que não indico pra ninguém. Sugiro que volte a Tunja e depois pegue um transporte a San Gil, uma vila cheia de atrações que acabei não conhecendo. Ela também serve de base para visitar o cânion.

Cheguei em Bucaramanga, capital de Santander, pela manhã e tomei uma van que levou 2 horas até a entrada oficial do Parque Nacional de Chicamocha. Daqui você pode andar num teleférico que atravessa o cânion ou ir ao Acuaparque, um parque aquático construído na parte alta do Chicamocha.

Quando eu fui, ambos estavam fechados, mas ainda assim é possível contemplar belas vistas do cânion.

O Cânion de Chicamocha
O Cânion de Chicamocha

Depois, peguei uma carona até a ponte que passa na base do cânion. Andei até o nível do rio, curti um pouco por ali e, por fim, retornei à estrada para tomar uma van de regresso a Bucaramanga.

OBS.: Um modo mais aventureiro para aproveitar o Cânion de Chicamocha pode ser encontrado neste post do Henrique Lammel do site A Pé No Mundo. Ele partiu de San Gil, conheceu belos povoados históricos e fez 35 km de trekking pelo cânion.

Ao chegar em Bucaramanga, eu nem dormi na cidade. Fui ao terminal rodoviário e tomei um ônibus madrugueiro para Santa Marta, onde teria início a minha jornada de 1 mês pelo litoral caribenho da Colômbia.


Dias 63 a 66: Santa Marta e Parque Tayrona

Fundada pelos espanhóis no ano de 1525, Santa Marta é a cidade mais antiga da Colômbia e a capital do departameno Magdalena. Não deixe de caminhar pelas simpáticas ruas do seu centro histórico.

A cidade e o excelente Hostel La Guaca me serviram de base pra pequenas viagens de 3-4 dias. Durante mais de 2 semanas, eu deixei a minha mochila de 80L no hostel e fui conhecer distintas partes do nordeste da Colômbia, sempre dando uma passada em Santa Marta quando terminava um passeio pra trocar de roupa.

OBS.: Santa Marta possui uma infinidade de cursos de mergulho que estão entre os mais baratos do mundo. Caso você sempre quis fazer e nunca teve coragem, esta é uma ótima oportunidade.

Pra começar essa saga caribenha, fiz dois dias de trekking no Parque Tayrona.

Parque Nacional Tayrona

No Parque Tayrona, eu realizei um trekking de 2 dias que passa por belíssimas praias e florestas e até em um sítio arqueológico de mais de 500 anos.

Para saber mais sobre esta maravilhosa experiência, cheque o post Praias, florestas e ruínas do Parque Nacional Tayrona.

Playa El Cabo, no Parque Nacional Tayrona
Playa El Cabo, no Parque Nacional Tayrona

Dias 67 a 69: Minca

A pacata vila de Minca está localizada num vale rodeado por cachoeiras, montanhas e florestas. Realizei duas caminhadas na região, mas que poderiam ser percorridas por carro ou moto, já que elas foram feitas em estrada de terra.

O melhor de Minca, pra mim, foi poder ir até o Mirador Los Nevados, que apresenta um fantástico panorama dos picos da Sierra Nevada de Santa Marta. Se pode ver, inclusive, o Pico Cristóbal Cólon, o ponto mais alto da Colômbia, a 5.776 metros sobre o nível do mar.

Em Minca, a maioria dos turistas visitam as atrações da região com mototáxi. Peguei dois contatos de moto para que você possa agendar seus passeios, caso tenha interesse: Christian (+57) 302-221-6567 e Andrés (+57) 315-387-1301. Seguem os preços aproximados de alguns dos transportes de moto dos arredores de Minca:

  • Poço Azul: 10.000 pesos
  • Mirador Santa Marta: 20.000 pesos
  • Cerro el Ramo: 70.000 pesos

Mas eu, tonto que sou, fiz quase tudo caminhando, como você poderá ver a seguir.

Dia 1 – Minca Loop

No mesmo dia que voltei do Parque Tayrona ao terminal de Santa Marta, passei no hostel La Guaca pra trocar as roupas e já parti para Minca. Há vans que realizam este trajeto das 5h às 17h30.

Na manhã seguinte após chegar na vila, realizei um circuito a pé que faz o seguinte trajeto:

  • Pega a saída leste de Minca, na cota 585 m;
  • Passa pelo Poço Azul;
  • Alcança o Mirador de Santa Marta, na cota 1.390 m;
  • Passa pela Cascada Marinka; e
  • Retorna à Minca pela entrada sul da vila.

O tracklog deste trekking se encontra neste link do Wikiloc.

Eu relax na Cascada Marinka

São percorridos 30 km em 11 horas (!) de caminhada por estrada de terra. Não recomendo que faça o mesmo, pois além do desgaste, há dezenas de veículos que passavam por mim e me faziam respirar pó com fumaça. Além disso, os preços de moto para chegar nos pontos de interesse nem são tão altos assim. Acredito que, pra quem gosta de trekking, o ideal seja subir até o mirante de mototáxi e depois descer caminhando.

Este trajeto também passa pela Casa Elemento, onde há uma rede gigante muito visitada por turistas, que eu não fui 😊.

Dia 2 – Cerro el Ramo e Mirador Los Nevados

No meu segundo dia em Minca, eu acordei na madrugada para subir de moto com o Christian até o topo do Cerro el Ramo.

O trajeto demorou 1h40 e foi bem sofrido conseguir resistir à combinação da alta velocidade com a má qualidade da estradinha. Fiquei até com bolha na mão de tanto me segurar pra não cair!

Paguei 65.000 pesos a ele (negociados) e caminhei poucos minutos até finalmente atingir o topo do Cerro el Ramo, na cota 2.500 msnm.

Ele me deixou numa área pra acampar utilizada por turistas, que preferem passar a noite para contemplar não só o amanhecer como também o pôr do sol do topo da montanha. Alguns mais bem dispostos esticam a caminhada até o Cerro Kennedy, a 3.100 m de altitude.

Não sei como é a vista do Kennedy pra comparar, mas aqui do Ramo me pareceu bem impressionante. Se tem um panorama completo da Sierra Nevada de Santa Marta e do Pico Cristóbal Cólon, apesar de estarem distantes do mirante. Sem contar que o nascer do sol foi fenomenal com aquele mar de nuvens ao pé da serra.

Amanhecer atrás da Sierra Nevada
Amanhecer atrás da Sierra Nevada

Depois de ficar 2 horas no cume do Cerro El Ramo, lá fui eu percorrer a pé todo o trajeto que fiz de moto. Ao menos agora foi tudo descida.

Andei por 28 km em 6 horas, com uma parada de mais 2 horas para dar uma nova relaxada no Poço Azul. Se você quiser descer de moto, eu não sei quanto ficaria o preço do serviço, já que ele teria que esperar de 30 a 60 minutos no topo do Ramo até que o sol nascesse.

Meu tracklog da descida do El Ramo até Minca se encontra neste link do Wikiloc.

No mesmo dia, voltei novamente a Santa Marta, para fechar o tour Lost City Trek já pro dia seguinte.


Dias 70 a 73: Trekking de la Ciudad Perdida

A Ciudad Perdida é um cartão postal da Colômbia e todo mundo que faz uma visita ao país deveria priorizar conhecê-la. Entretanto, é preciso desembolsar uma bela grana e fazer um trekking de 64 km em 4 dias pelo meio da selva do Parque Nacional Natural Sierra Nevada de Santa Marta, o parque com o maior nome do mundo.

Além de impressionar pelas belezas naturais, devido a belíssima fauna e flora da região, o trekking proporciona uma experiência cultural indígena das melhores que já tive. E claro, a cereja do bolo são as ruínas arqueológicas da Ciudad Perdida ao final da trilha.

Para saber mais, basta acessar o link O Trekking de 4 Dias à Ciudad Perdida na Colômbia.

Ruínas da Ciudad Perdida!
Ruínas da Ciudad Perdida!

Dias 74 a 77: La Guajira

Após me deleitar com o trekking da Ciudad Perdida, passei uma noite em Santa Marta e no dia seguinte parti para explorar o departamento de La Guajira, o estado mais a norte da Colômbia.

La Guajira é o lugar mais pobre do país. Aqui as pessoas mais carentes não querem dinheiro… eles pedem por um copo d’água ☹. No caminho de carro até as belezas naturais do estado, passa-se na humilde vila de Uribia e dezenas de locais se aglomeraram em volta dos passageiros pra pedir água. É triste de ver. Não é à toa que a região é conhecida como Desierto de La Guajira.

Muitas casas de pau a pique revelam a simplicidade de La Guajira
Muitas casas de pau a pique revelam a simplicidade de La Guajira

Meu objetivo era conhecer a Punta Gallinas, ponto mais setentrional da América do Sul. A logística para se deslocar até lá é bem complicada, então muitos turistas fecham um tour completo de 4 dias desde Santa Marta pra visitar a região. Mas eu fui por conta. Segue o passo a passo dos transportes que eu tomei:

  • Ônibus de Santa Marta à Riohacha, capital de La Guajira (20.000 COP);
  • Van de Riohacha a Cuatro Vias, o acesso para Uribia (5.000 COP);
  • Carro ao Cabo de la Vela (30.000 COP), onde cheguei no final da tarde e contemplei um lindo pôr do sol. Aqui há uma praia maravilhosa e opção de se hospedar;
  • No Cabo, eu contratei um tour de 130.000 pesos que incluía: deslocamento de mais de 4 horas pra atravessar o deserto e chegar na hospedagem Alexandra na Bahia Hondita, conhecer as atrações da região e regressar a Cuatro Vias no dia seguinte. A primeira noite no Cabo de la Vela está inclusa no valor, porém é necessário pagar adicional pela estadia da segunda noite e pelas refeições;
  • O passeio também contemplava transporte de volta até Cuatro Vias, mas eu peguei carona do Cabo de la Vela até Palomino e Santa Marta.

Um mapinha pra você se situar no meio a tantos nomes de lugares desconhecidos:

Detalhamento do tour:

  • Primeira noite no Cabo de La Vela, onde dormi em largas redes chamadas chinchorro e pude contemplar um céu espetacular,
  • Deslocamento à Pousada Alexandra, onde tomei um café da manhã e saí às 10h para o passeio de carro;
  • Visita ao Farol de Punta Gallinas, onde há uma bonita praia não própria para banho, pois ela é cheia de rochas e com mar movimentado;
  • Ida ao Mirante Kasales. A vista é de um panorama desértico e de uma grande baía, na qual a água do mar tem uma coloração de um verde bem clarinho;
  • Última parada do passeio de carro nas Dunas de Taroa. O cenário é muito interessante, com a frente da duna terminando a poucos metros da água. Aqui se pode entrar na praia e “pegar uns jacarés”;
  • Regresso à Bahia Hondita e caminhada até a Praia Junca para ver um belo pôr do sol. Cuidado com esta praia, pois ela possui dezenas de águas-vivas. Eu fui premiado com uma queimada na canela daquelas. Saí voando da água e fiquei assistindo ao entardecer com dor hahaha;
  • Jantei um delicioso peixão e fui dormir na rede contemplando o céu do deserto de La Guajira;
  • No dia seguinte pela manhã, pega-se um carro de volta ao Cabo de la Vela e à Cuatro Vias.
Cabo de la Vela
Cabo de la Vela
Punta Gallinas
Punta Gallinas

Preços na Bahia Hondita:

  • 15.000 pra dormir em rede (hamaca)
  • 20.000 pra dormir numa rede mais cômoda (chinchorro)
  • 35.000 por pessoa em um quarto
  • Café da manhã custa 8.000 pesos
  • Almoço e janta valem 15.000 cada

Ao final do tour, conheci o Manu e o Sasha, dois alemães que estavam viajando de carro e me ofereceram uma carona de volta à Santa Marta.

Paramos por um dia em Riohacha e outro na cidade praiana de Palomino. Esta última é uma agradável vila com ruazinhas de terra, muita vegetação e um clima alternativo bem tranquilo. Nas proximidades de Palomino, há muitos rios que passam na densa floresta da região e que valem muito a visita.

A amistosa praia de Palomino
A amistosa praia de Palomino

Dias 78 a 82: Cartagena e Barranquilla

De Santa Marta, peguei um ônibus a Barranquilla, a quarta maior cidade do país e a capital do departamento Atlántico e local de nascimento da Shakira. Confesso que foi o lugar que menos quis passar tempo na Colômbia. Só o que fiz foi visitar a Catedral Metropolitana María Reina e o Malecón do Río Magdalena e já peguei um ônibus pro meu próximo destino.

Por outro lado, a cidade de Cartagena de las Índias, capital do estado Bolívar, é um deleite aos olhos. Ousaria dizer que é a cidade histórica mais bonita do continente americano. Recomendo que tire ao menos 2 dias pra conhecer o Castelo San Felipe de Barajas, uma colossal fortaleza espanhola, e a Cidade Murada, uma parte do centro histórico toda cercada por uma monumental muralha de mais de 400 anos.

Ciudad Amurallada de Cartagena
Ciudad Amurallada de Cartagena

Cartagena também possui incríveis praias nas suas redondezas. Eu escolhi visitar a Playa Blanca na Ilha Baru. Se quiser chegar lá na raça, como eu fiz, pegue um ônibus público até Pasacaballo (2.400 pesos) e depois um mototáxi até o destino (6.000 pesos). A cor da água do mar é inacreditável!

Playa Blanca na Isla Baru
Playa Blanca na Isla Baru

Cartagena é um destino muito visitado, então não espere por encontrar lugares vazios. Ainda assim, foi um dos lugares mais ricos de história e belezas naturais do país. Próxima parada: San Andrés!


Dias 83 a 87: San Andrés

A ilha caribenha de San Andrés está situada a cerca de 800 km da costa colombiana e apenas 200 km da Nicarágua. Ela é reivindicada por ambos os países e já rolou muita briga por isso no passado. Além de tudo, a ilha foi uma colônia inglesa e, por isso, boa parte dos locais preferem se comunicar através do inglês crioulo, idioma oficial da região junto com o espanhol.

A 100 km de San Andrés estão as ilhas de Providência e Santa Catalina, as quais não visitei devido aos altos preços pra chegar. Ouvi dizer elas que são muito mais bonitas e menos movimentadas que San Andrés. Falando em movimento, o que mais tem por lá são turistas brasileiros. Nunca vi tanto brasuca fora do Brasil.

Segue o mapa com os principais pontos de interesse da região:

A maioria das pessoas se hospedam na praia Spratt Bight, ao norte da ilha, que fica a menos de 1 km do aeroporto de San Andrés. Eu fiquei no Hostal Acuario a 3,5 km de Spratt Bight e foi a opção mais barata que encontrei na ilha, só que fica num bairro um pouco perigoso. Aliás, por toda San Andrés vão te alertar pra tomar cuidado devido à criminalidade do lugar. É recomendado, inclusive, pegar um táxi saindo do aeroporto, visto que não é ideal caminhar pelo seu entorno. Confesso que por vezes fiquei bem desanimado em ter que tomar tanto cuidado numa ilha tão afastada do continente.

Pra chegar lá, eu peguei um vôo bem barato desde Cartagena, com a companhia Viva Colómbia (ou Viva Air), por 220.000 pesos ida e volta. Adicionalmente, é preciso pagar uma taxa de ingresso na ilha de 109.000 COP. Ouch.

Segue abaixo o meu roteiro por San Andrés:

Dia 1 – Johnny Cay e Spratt Bight

Com um tour de lancha ao custo de 35.000 pesos colombianos, visita-se a pequena Ilha Johnny Cay, onde pude contemplar a água de mar mais linda que já vi na vida! O tour também incluía passeio pelo Haynes Cay, ou Cayo Cordoba, outra linda ilhota perfeita para snorkel onde se pode avistar raias manta.

Ao final do tour, curti um pouco da praia de Spratt Bight.

Chegando no Johnny Cay. A única foto do post com zero edição. Inacreditável, né?
Chegando no Johnny Cay. A única foto do post com zero edição. Inacreditável, né?

Dia 2 – Rocky Cay e Cocoplum Beach

Neste dia, saí do Hostal Acuário e fui caminhando para as praias Cocoplum e Zarpada, onde fica o Rocky Cay, outra diminuta ilha e meu lugar favorito em San Andrés. A praia é perfeita para banho e o mar por aqui é bem clarinho também. Depois peguei um ônibus (2.400 pesos) de regresso ao meu hostel.

À noite fui desfrutar da balada latina mais famosa de San Andrés (e talvez a única), a Cocoloco.

Rocky Cay e navio naufragado ao fundo. Tem muitos ao redor da ilha, devido à grande quantidade de recifes de corais no mar da região
Rocky Cay e navio naufragado ao fundo. Tem muitos ao redor da ilha, devido à grande quantidade de recifes de corais no mar da região

Dia 3 – Sound Bay, Hoyo Soplador e La Piscinita

Muitos turistas alugam moto para dar uma volta na ilha e poder conhecê-la melhor. O problema disso é que eles não fornecem capacete. Não há uma única pessoa de capacete nas motos de San Andrés. Então, resolvi dar a volta de ônibus mesmo, já que tem uma linha circular que percorre toda a ilha no sentido horário.

Conheci a linda praia de Sound Bay, as deliciosas águas calmas de La Piscinita e o Hoyo Soplador, um buraco nas rochas de onde sobe um ventão por causa da força do mar batendo sob ele.

Este dia fui a uma boate open bar dentro de um navio. Foi divertido, mas tava muito vazia hahah.

Dia 4 – Retorno à Cartagena

Nas minhas 4 noites em San Andrés só pude aproveitá-la por 3 dias, infelizmente.

Peguei o vôo de volta à Cartagena e parti para o que seria a minha última parada no país.


Dias 88 a 90: Capurganá e Fronteira com o Panamá

Se deslocar da Colômbia ao Panamá não é tarefa simples, pois não há estradas que conectam os dois países. O que a maioria das pessoas fazem é pegar um vôo de Cartagena ou Bogotá até a Cidade do Panamá, mas tem também os aventureiros que resolvem ir pelo mar.

Se quiser saber tudo sobre a minha travessia de barco entre os países, acesse o post Fronteira Colômbia-Panamá de Barco!

Floresta de Darién, na fronteira Panamá-Colômbia
Floresta de Darién, na fronteira Panamá-Colômbia

E assim foi concluída a minha longa passagem pela maravilhosa Colômbia, o país que mais me senti em casa fora do Brasil.

Obrigado por ler e um grande abraço!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.